Marcio Buzar (*)
Como professor da Universidade de Brasília, observo assustado a ameaça que representa uma eventual reeleição de Jair Bolsonaro no próximo domingo (30). Pelo comportamento e pelo discurso do atual mandatário, não tenho dúvida de que ele aprovará com facilidade o fim da autonomia das universidades públicas para, em seguida, indicar os reitores, sem eleições, à moda antiga, dos capitães, como o terrível Azevedo.
Com o discurso raso, passará a cobrar mensalidades nas universidades públicas. Em seguida, quebrará a estabilidade dos servidores. Então, começará a “caça às bruxas”, ou melhor, aos cientistas, que ele tanto despreza. Demissões dos professores e funcionários serão normalizadas.
Não tenho dúvida de que, paralelamente, já numa escala maior, Bolsonaro partirá para cima do STF, aumentando o número de ministros na Corte e, assim, ter maioria e acabar com a única trincheira de resistência que temos hoje na República. Feito isso e já consolidado no poder, mudará todos os marcos civilizatórios, com sua maioria conservadora no Congresso.
Sob um novo ciclo de Bolsonaro no Planalto, a mata e a natureza serão tratoradas pelo avanço dos grileiros e garimpeiros. Os índios, pobres de sorte, esses ficarão sem destino, sem SUS, sem atendimento médico, e definharão com sua última resistência, aqui na terra.
Para os trabalhadores, como ele mesmo diz, “menos direito e mais emprego”, frase atribuída aos escravocratas americanos. Restará o fim do 13º, das férias remuneradas, nada de aumento real do salário. E adeus trabalho. (Só para confirmar isso, hoje o servidor público federal já está há seis anos sem aumento salarial – dois anos de Temer e quatro do Inominável).
Mais adiante, Bolsonaro facilmente aprovará na Câmara e no Senado seu terceiro mandato. E com mentiras e mão de ferro, reinará por uns 20 anos. O Brasil terá sucumbido às trevas. Algum dia, despertará. Mas este renascimento virá após prejuízos irreparáveis.
Incrível é que o modelo bolsonarista se sustente e se amplie em nossa sociedade. A forma deles trabalharem é por meio do terror, das fakesnews, das mentiras e ameaças.Em meio a tantas mentiras, a juventude do nosso Paísparece adormecida. Não entende a “batalha de vida ou morte” que está sendo travada nestas eleições.
A impressão é de que não temos dimensão da barbárie que vem por aí, caso Bolsonaro seja reeleito.
Por isso, temos de lutar cada segundo de nossas vidas nesta última semana antes da eleição para detê-lo. O atual presidente nunca escondeu suas sandices. Ele é um psicopata. Um maníaco. E, caso vença a eleição, estará empoderado pela própria circunstância da democracia. Afinal, conseguiu maioria nas duas Casas do Congresso Nacional.
Por isso, lute mais, fique de pé e resista. Cada voto virado é uma conquista honrosa. Lute nas redes sociais, contra o gabinete do ódio e seus robôs. Converse com seus colegas na escola e no trabalho. Não discuta! Apenas apele ao bom senso e ao companheirismo. Conclame a todos a votarem em Lula no próximo domingo.
Esta é a nossa batalha maior, a batalha final contra a barbárie. Pela Pátria, pelo Brasil, pela Mata, pela Amazônia, pelo Índio, pela Ciência, pelo SUS, pelos direitos conquistados, pela civilidade!
(*) Professor da UnB