Apesar da Agefis, a arte pede passagem em espaços alternativos, como as próprias casas dos músicos
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A Lei do Silêncio e a Agência de Fiscalização (Agefis) não vão matar o movimento cultural de Brasília. E muito menos silenciar a voz dos músicos e os acordes de seus instrumentos. Impedidos de trabalhar em bares e restaurantes da cidade, para não “incomodar” os vizinhos, artistas locais têm encontrado novos espaços para mostrar seu talento e garantir a própria sobrevivência e de suas famílias, por meio daquilo que sabem fazer: tocar, cantar, expor pinturas e fotografias ou dançar.
Procurar uma saída para o excesso de regulamentação da atividade cultural foi o caminho encontrado pelo multi-instrumentista Ted Falcon, norte-americano radicado em Brasília. Diante da dificuldade de trabalhar nos estabelecimentos comerciais, ele criou um ambiente para reunir músicos e apreciadores que procuram opções de locais para executar e apreciar concertos na capital da República. Assim nasceu o House Concert.
Segundo Ted Falcon, essa é uma tendência atual em diversos países e se caracteriza por receber, em uma casa, público interessado em desfrutar de concertos acústicos. Ao lado de sua mulher, Sarah Pontes, o músico já promoveu, desde julho, três edições do House Concert – um por mês. O evento é privado e independente.
“Não contamos com nenhuma forma de patrocínio ou apoio oficial. Cobramos um valor na entrada para cobrir os custos e garantir alguma remuneração para os músicos que se apresentam, pois são todos profissionais”, esclarece Sarah. Segundo ela, os eventos incluem, além da música, a participação de colaboradores que podem expor, a cada edição, diferentes trabalhos artísticos – pintura, jóias e fotos, por exemplo – ou fazer massagens, atividades infantis etc.
“O ambiente é familiar e despojado, com a vantagem, para quem gosta de participar de eventos culturais com os filhos, de ser totalmente kids friendly”, completa Falcon. Sarah pede, apenas, que os interessados em participar façam reservas com antecedência para que se possa organizar melhor o espaço de acordo com o número de pessoas.
Sarah, que é uma respeitada agitadora cultural da cidade, mostra otimismo com a iniciativa. Ela conta que a primeira edição do House Concert contou com a apresentação da banda Gypsy Jazz Club, e exposição das obras de Deborah Laranjeira, para um público de pouco mais de 40 pessoas. Já no segundo mês, Pedro Martins e seu trio deslumbraram a plateia, que também pode apreciar e comprar obras da artista Luisa Günther. Formado pela Escola de Música de Brasília, o guitarrista Pedro Martins lançou aos 17 anos um CD totalmente autoral. Morador do Gama, ele já tocou com Ellen Oléria, Hamilton de Holanda e Milton Nascimento, além de ser aclamado no mundo do jazz internacional.
No domingo (14), aconteceu a edição de setembro. A atração principal foi a banda Kervansarai, que traz a música mediterrânea e fusões a partir de releituras contemporâneas. Seu repertório convida a um passeio pelos países árabes do norte da África, Oriente Médio, Bálcãs, provendo o melhor da tradição que chegou ao Brasil pelas imigrações. O encontro foi complementado por exposições da fotógrafa Débora Amorim e da Camaleoa Acessórios, com participação especial da dançarina Raisa Latorraca.
As reuniões do House Concert são sempre nos finais de tarde de domingo. Informações: falconsnestbrasilia@gmail.com.