No último dia 21 de maio, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 12/2022) que acaba com a reeleição para presidente da República, governador e prefeito, e estabelece um mandato de cinco anos para esses cargos, assim como para os parlamentares. Além disso, a proposta também define eleições unificadas para todos os cargos a partir de 2034.
Como profissional da área, tão logo vi as notícias sobre o assunto, me perguntei: qual o impacto desta PEC, se aprovada da maneira como está, para quem atua nas trincheiras do marketing político? (Atualmente, o sistema eleitoral brasileiro permite que nós tenhamos mais oportunidades de trabalho, de dois em dois anos, durante os períodos eleitorais. Portanto, menos eleições, menos oportunidades. Certo?)
Em 2024, nas eleições municipais, 463 mil pessoas pediram registro para concorrer aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador. Naquele ano, dos dez maiores fornecedores da eleição, nove estão no espectro da comunicação. Apenas um diz respeito à contabilidade. O Facebook foi o campeão de recebimentos. Ao todo, a rede de Mark Zuckerberg recebeu R$ 198 milhões, oriundos do Fundo Eleitoral.
Os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que dois anos antes foram registradas 28.274 candidaturas (incluindo vices e suplentes), de 32 partidos. O maior fornecedor, novamente, foi o Facebook, que em 2022, recebeu R$ 129 milhões dos candidatos. Do total de R$ 13 bilhões envolvidos naquela eleição, 10% foram destinados à publicidade por materiais impressos; 4% com produção de TV e rádio; 3% com adesivos e mesmo valor para impulsionamentos.
Supondo que os números se mantenham até 2034, quando as eleições serão unificadas – em caso de aprovação da PEC –, o Brasil teria quase meio milhão de candidatos. Seguramente, a ampla maioria destes precisará de profissionais de comunicação para auxiliá-los no processo eleitoral. Até porque, serão os comunicólogos os responsáveis por utilizar dessas cifras milionárias para eleger seus chefes.
Como quem convive no meio político há anos, posso afirmar: nas últimas duas eleições faltaram profissionais para tanta demanda – ainda que com eleições gerais separadas das municipais. Imagine, se em 2034, 500 mil pessoas se candidatarem, como será o cenário profissional.
Até lá, é possível se preparar.