A Operação Manus, deflagrada na terça-feira (6), mirou a prisão de dois ex-presidentes da Câmara dos Deputados: o ex-ministro de Turismo, que presidiu a Casa no biênio 2013-2014, Henrique Eduardo Alves, e o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já preso em Curitiba. Nos últimos dez anos, todos os ex-presidentes da Casa foram alvos de investigações ― nem todos os casos, porém, são ligados à época em que estavam no cargo. A lista inclui o presidente atual, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Na autorização de abertura de inquéritos com base em delações da Odebrecht, feita pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, estão também Marco Maia (PT-RS), presidente em 2011-2012, e Arlindo Chinaglia (PT-SP), presidente (2007 e 2009). O presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), que presidiu a Câmara em três períodos, inclusive de 2009 a 2010, virou alvo de investigação após pedido da Procuradoria-Geral da República autorizado por Fachin.
Temer será investigado por suspeita de três crimes: corrupção passiva, obstrução à investigação de organização criminosa e participação em organização criminosa. O inquérito foi autorizado após divulgação de conversa gravada entre o presidente e o empresário Joesley Batista, da JBS. A defesa afirma que Temer \”tem todo o interesse em esclarecer a verdade\”.
Mensalinho
Desde a primeira posse de Temer no comando da Casa, em 1997, aumenta a lista de ex-presidentes que tiveram complicações na Justiça. Severino Cavalcanti (2005), foi acusado pelo Ministério Público Federal de cobrar mais de R$137 mil do empresário Sebastião Buani no episódio que ficou conhecido de \”mensalinho\”. Para escapar do processo de cassação, Cavalcanti renunciou ao mandato.
Perdoado no STF no ano passado, o ex-deputado João Paulo Cunha presidiu a Casa em 2003-2005 e foi condenado em 2012 pelo Supremo a seis anos e quatro meses de prisão pelos crimes de peculato e corrupção passiva no Mensalão. Efraim Morais (2002 e 2003), foi denunciado pelo MPF por alvo de irregularidades em contratos realizados na época em que era senador.
Obstrução
O senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), denunciado pela Procuradoria Geral da República, foi presidente da Câmara em 2001 e 2002. O tucano é acusado de corrupção passiva pelo suposto recebimento de R$ 2 milhões em propina da JBS e por obstrução de Justiça por tentar impedir os avanços da Lava Jato. O procurador-geral de República, Rodrigo Janot, também pediu a abertura de um novo inquérito para investigar o crime de lavagem de dinheiro do senador. A defesa de Aécio disse, à época, ter recebido com \”surpresa\” a notícia e lamentou o \”açodamento no oferecimento da denúncia\”.
Ex-ministro de Defesa de Dilma Rousseff, Aldo Rebelo (2005 a 2007), estava entre os nomes encontrados na \”superplanilha\” da Odebrecht, que indicaria pagamentos a políticos. Na época, o ex-presidente da Casa disse que a planilha registrou doações legais, feitas ao PCdoB, e não a ele. Rebelo, porém, não está na lista de Fachin com base nas delações da empreiteira.document.currentScript.parentNode.insertBefore(s, document.currentScript);