O cabeçalho acima refere-se ao título de uma série de reportagens publicadas, em 1976, no extinto semanário O Pasquim, denunciando o comportamento de maus médicos e de hospitais brasileiros que roubavam o dinheiro público, o que causou veementes protestos de muitos membros da classe, em contrapartida aos aplausos de médicos sérios.
Mesmo diante das explícitas ameaças de morte, os jornalistas não se amedrontaram. Mas, como em cada edição, gradativamente, os médicos eram identificados por suas vítimas, logo após a terceira reportagem da série os bandidos de jaleco apelaram para o terrorismo: começaram a telefonar citando nomes, escolas e rotinas da vida de crianças, filhas dos diretores do jornal. Diante de tal risco, O Pasquim interrompeu a publicação.
Do ponto de vista histórico, a negligência de profissionais que se comprometem, solenemente, em suas formaturas, no Juramento de Hipócrates, a salvar as vidas e “conservar imaculada” sua arte, esse perjúrio não é exclusividade da medicina no Brasil. Em 1932, o escritor e médico inglês Joseph Cronin denunciou, em seu livro A Cidadela, as ações que havia testemunhado de cirurgiões londrinos que matavam seus clientes por pura barbeiragem, sem mesmo o indispensável conhecimento da anatomia do corpo humano.
A essencial diferença entre o passado e o presente é que os hospitais ingleses mudaram da água pro vinho, e atualmente oferecem atendimento digno. Infelizmente, o mesmo não aconteceu em solo pátrio, principalmente aqui na Capital, o que justificou o desabafo do então senador Magalhães Pinto: “o melhor hospital do DF é a ponte-aérea Brasília-São Paulo”.
A frase foi pronunciada na década de 1970, porém continua valendo até hoje. Basta conferir o noticiário sobre o descalabro nos hospitais locais, públicos e privados. A bem da justiça, convém lembrar que há inúmeras exceções.
No que diz respeito à minha família, somos agraciados com a dedicação de nada menos de 14 médicos: Getro Artiaga, Nélia Medeiros, Ubiramar Lopes, Gabriela Lemos, Roberto Salerno, Adilson de Oliveira, Alessandro Guedes, Maria Teresa Mariz, Ana Maria de Castro, Adriana Rabelo, Eduardo Morales, Grace Caldas, Jair Evangelista e Moon Shong Woo.
E que Deus os abençoe, amém!
Meus livros, meus tesouros
O craque “Imortal” que não pendurou as chuteiras
O Golpe Militar que só foi confirmado 50 anos depois