Rombo de R$ 100 bi nas contas públicas será gingantesca herança maldita
J. B. Pontes (*)
O desespero pelos ínfimos índices de intenção de voto está levando Bolsonaro a praticar uma irresponsabilidade fiscal sem precedentes, capaz de provocar, segundo especialistas, um rombo nas contas públicas da ordem de R$ 100 bilhões, fato que causará, uma gigantesca herança maldita para os cofres públicos.
Depois de ter, durante mais de três anos de desgoverno, levado a economia, o próprio governo e a população a enfrentar tempos dificílimos, Bolsonaro agora, a poucos meses das eleições, resolveu abrir os cofres e gastar até mesmo o que não temos, numa tentativa desesperada de frear a sua rejeição.
É certo que o seu “posto Ipiranga”, Paulo Guedes, já não manda mais nada, perdendo poder para a ala política que vem dando sustentação ao seu desgoverno – leia-se Centrão. Benesses são distribuídas para vários segmentos da sociedade eleitoralmente relevantes – polícias, caminhoneiros, população carente…
Essas providências seriam bem vindas se fossem cancelados gastos de outras despesas desnecessárias constantes do orçamento de 2022, a exemplo das emendas de relator (RP9), dos excessivos gastos com a campanha eleitoral, entre outras.
Redução de tributos, subsídios e benesses desmedidas estão levando os especialistas em contas públicas, o Ministério da Economia, o Banco Central e o “deus mercado” a uma verdadeira polvorosa, diante da demonstração clara de que o desgoverno Bolsonaro, em desespero frente à realidade eleitoral que lhe é francamente desfavorável, está jogando para o alto os compromissos com as regras fiscais estabelecidas.
Não satisfeito com os recursos liberados pelo parcelamento de dívidas promovido pela PEC dos Precatórios, que liberou R$ 40 bilhões para gastos neste ano de eleição, Bolsonaro patrocina agora outras PECs – denominadas “kamikazes”, em alusão aos pilotos japoneses que se lançavam com os seus aviões sobre os navios inimigos –, que objetivam dar autorização ao governo para reduzir impostos, especialmente sobre gás, diesel e energia elétrica.
Especialistas advertem que os recentes movimentos no câmbio e na bolsa de valores demonstram a perda de credibilidade do atual desgoverno junto ao “deus mercado” e aos investidores, elementos tão zelosamente perseguidos pelo ministro da Economia.
No vale-tudo pela reeleição, não existe mais teto de gastos. E o orçamento virou só um instrumento que pode ser ajustado ao sabor dos interesses do atual desgoverno, numa tentativa desesperada para assegurar a sua reeleição. E, após a farra das eleições, tempos mais difíceis nos esperam…
(*) Advogado, geólogo e escritor