A não ser pelo feriado estadual comemorado em Salvador e municípios baianos, a mídia esqueceu a data de 2 de julho como efeméride nacional. O pior: essa amnésia foi extensiva aos professores, que não lembraram aos seus alunos (pelo menos nas escolas públicas) que, historicamente, a Independência do Brasil de 7 de setembro de 1822, com o brado de Independência ou Morte às margens do Ipiranga, só se consolidou de verdade a 2 de julho de 1823, quando 15 mil voluntários baianos expulsaram, definitivamente, o que sobrara do bem treinado exército português do território nacional, confirmando então D. Pedro I como Imperador do Brasil, de fato e de direito.
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A omissão é mais grave ainda, levando-se em conta que essa ação libertária iniciada na vila de Cachoeira, no Recôncavo Baiano, é repleta de lances fascinantes de coragem explícita. E com toda certeza ficariam gravados na memória de nossas crianças ao exaltar figuras de heroínas, a exemplo da escrava negra Maria Felipa, que comandou a ação de mulheres nas incursões noturnas na ilha de Itaparica, contra militares lusitanos; a valentia da freira Joana Angélica; e o engajamento de Maria Quitéria na guerrilha vitoriosa, travestida de homem com o pseudônimo de Soldado Medeiros –, personagens de tal encantamento que poderiam protagonizar as badaladas novelas da TV Globo.
Para agravar esse desprezo à História do Brasil, é triste reconhecer que o nome do Aeroporto 2 de Julho de Salvador, produto de Lei aprovada em 1955, foi trocado por iniciativa do poderoso político baiano Antônio Carlos Magalhães, mais conhecido como Toninho Malvadeza por seus atos de vingança (temido pelos muitos inimigos e amado pelos poucos amigos). E assim, a partir de 1998, o aeródromo passou a se chamar Aeroporto Internacional Deputado Eduardo Magalhães, filho do referido ACM.
E o que é de estarrecer: permanece estacionado há 13 anos no Congresso Nacional o Projeto de Lei 6.106/2, do deputado federal Luiz Alberto (PT/BA), em favor do resgate da significativa data ao aeroporto da capital baiana. Ou seja: o que seria fácil para corrigir um equívoco histórico, lamentavelmente, continua ignorado por um Legislativo antinacional.
É o caso de apelar, mais uma vez, para a angustiosa indagação do brasiliense Renato Russo: Que País é este?