Depois de uma corrida com muitos obstáculos, muitos deles colocados por aliados, Cristiano Zanin toma posse como ministro do Superior Tribunal Federal, na vaga antes ocupada pelo Ministro Ricardo Lewandowski, que se aposentou em abril. Zanin concorria com Manoel Carlos, favorito do próprio Lewandowski e com o ministro do TCU Bruno Dantas.
Durante a sua sabatina, Zanin demonstrou o perfil que muitos operadores do direito que conviveram com o advogado já sabem: estudioso e avesso a espetacularização, prefere uma atuação mais serena. Talvez a serenidade que Zanin transmitiu, além da forte articulação política dos que defendiam a sua indicação, tenha sido preponderante para que ele conseguisse passar com 58 votos em um Senado Federal mais próximo da oposição do que do governo federal.
O autocontrole Zanin diante de situações de confronto e estresse tem sido testado a fogo nos últimos anos: sofreu ataques dos aliados de Bolsonaro, de diversos quadros de peso do PT e teve que administrar o rompimento familiar e profissional com o próprio sogro, primeiro advogado de defesa de Lula nos processos da Lava Jato. Na cisão, Lula optou por continuar com Zanin, que conseguiu a anulação de todos os processos contra o presidente conduzidos pelo ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro em conluio com o ex-promotor e agora ex-deputado Deltan Dalagnol (que perdeu o mandato no primeiro semestre deste ano).
Ao contrário do que muitos pensam, a relação de Zanin e Lula é muito mais profissional do que pessoal. Essa postura mais técnica de Zanin incomodava inclusive quadros de peso do PT, que consideravam mais acertado levar o Lula como preso político. O tempo mostrou que Zanin tinha razão.