Para os brasilienses de nascimento e por opção (meu caso), Juscelino Kubitscheck continua sendo o herói nacional de todos os tempos, por feitos históricos incomparáveis. Entre os quais, construindo e transferindo a Capital do litoral para o então deserto de terra vermelha do Planalto goiano, quando abriu a nova fronteira de desenvolvimento no rumo do Oeste desconhecido, fundando Brasília!
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E nós, jornalistas da velha guarda, podemos dar hoje nosso testemunho de que essa façanha não foi fácil, até muito ao contrário: ele conseguiu levantar uma cidade em pouco mais de três anos, sob o fogo cerrado de opositores políticos sem escrúpulos, que usaram de todas as artimanhas para impedi-lo, inclusive inventando denúncias caluniosas, felizmente em vão.
Ao transmitir o governo, em 1961, ao sucessor Jânio Quadros, ficaria no ar a esperança de que JK seria candidato em 1965, com chances de ser eleito por ampla maioria, graças à gestão anterior. Mas essa expectativa abriu o compasso de novos e poderosos inimigos, agora fardados, que se aliaram aos civis, quem sabe a soldo de “forças (ocultas) e de interesses contra o povo”, palavras de Getúlio Vargas em sua Carta Testamento, antes de seu suicídio na noite de 24 de agosto de 1954, no Palácio do Catete, no Rio.
Juscelino seria a próxima vítima, a partir do Golpe Militar de 31 de março de 64. Sem que tivessem qualquer indício justificável, cassaram-no e o expulsaram do País. E em 13 de junho do mesmo ano, Kubitscheck viajou rumo ao exílio.
Para JK, esse seria o maior castigo, ao ser enxotado do país que tanto amava. Seu sofrimento ficou plasmado numa das cartas enviadas de Paris à sua filha, Maria Estela: “Os gregos, quando inventaram o exílio, sabiam o tipo de tortura que estavam criando!” Disposto a qualquer risco, retornou do exílio em abril de 1967, declarando: “só morto deixo o Brasil”. Como era seu estilo, cumpriu a palavra, mesmo sofrendo toda sorte de humilhações e longos interrogatórios nas masmorras militares.
Á acusação de que possuía a “sétima fortuna do mundo“, respondeu, silenciosamente, com sua pobreza. Ao morrer em polêmico acidente automobilístico na via Dutra, em agosto de 1976, eis o único patrimônio de Juscelino Kubitscheck aos seus herdeiros: uma fazendola nos arredores do DF. Em compensação, deixou para todos os brasileiros uma herança de valor inestimável: Brasília!