Ana Luisa Araujo e Ângelo Magalhães
Taguatinga é lugar de muitas transformações, trabalho e movimento desde sua fundação, em 1958, antes mesmo da inauguração da nova capital. Somente em 1970, transformou-se oficialmente cidade-satélite, quando o governador Hélio Prates da Silveira criou a terceira Região Administrativa do Distrito Federal (RA III).
Com um extenso território, tornou-se cidade-mãe de outras RAs criadas posteriormente: Ceilândia (RA IX), em 1989; Samambaia (RA XII), em 1989; Águas Claras (RA XX), em 2003; e RA Vicente Pires (RA XXX), em 2009. Esta última, embora seja a mais recente e ainda esteja, em parte, em vias de legalização fundiária, é um exemplo do crescimento pelo qual passa o DF nos últimos anos.
Urbanizada a partir do parcelamento de áreas anteriormente consideradas rurais – as chamadas colônias agrícolas – Vicente Pires ganhou autonomia e deu o seu “grito de independência” em relação a Taguatinga. “Temos uma economia própria, com mais de 2.500 empresas (CNPJs) para atender às demandas de mais de 120 mil habitantes”, diz o presidente da Associação Comercial e Industrial e de Serviços (Acivip), Reynaldo Taveira.
Desafio – Proprietário da Casa Forte Material de Construção e pioneiro no comércio local desde 1999, para Taveira “a verdade é que as pessoas que moram em Vicente Pires ajudaram a construir a cidade”. E ele aposta num futuro ainda mais promissor: “Temos uma área de influência muito grande. Mais de 1 milhão de pessoas passam por Vicente Pires e acabam parando aqui para resolver alguma coisa, desde uma compra em supermercado, na farmácia, para abastecer o carro ou mesmo para se divertir em nossos bares e restaurantes”.
O líder empresarial lembra de um desafio que assumiu com o governador Ibaneis há três anos: gerar 2.500 empregos em Vicente Pires. “Já superamos essa meta. Nesse período, criamos mais de 3 mil vagas de trabalho”, comemora.
Lama e inundações
Raimunda Vieira, aposentada e residente de Vicente Pires, também compartilha sua experiência com a cidade. “No início, a maior dificuldade era no período das chuvas. Inundava tudo e era lama para todo lado”. Mas ela diz que isto melhorou demais no atual governo, que tem executado muitas obras de infraestrutura, principalmente drenagem de águas pluviais, redes de esgoto e pavimentação.
“Não tinha um pano branco em casa. Tudo ficava cheio de poeira, na seca, e lama, na chuva. Eu morava na Rua 3, onde era preciso atravessar um ‘Oceano Pacífico’ de água quando chovia. Meu carro frequentemente dava problema devido à água acumulada”, conta ela, com um tom de nostalgia.
Dona Raimunda também lembra da falta de centros de saúde, escolas e transporte público, o que tornava a vida ainda mais difícil para quem dependia exclusivamente de carro para se deslocar. “A história de Vicente Pires ilustra não apenas a transformação urbana e o crescimento econômico da região, mas também a resiliência e a adaptação dos moradores ao longo dos anos”, diz Reynaldo Taveira.
Crescimento intenso
Na década de 2000, o bairro vivenciou uma fase de intensa urbanização e crescimento populacional. A criação de avenidas, escolas e centros comerciais transformou Vicente Pires em uma área residencial de alta demanda, caracterizada por uma diversidade de imóveis que atendem a diferentes faixas de renda.
Originalmente uma área de chácaras e zonas rurais, Vicente Pires começou a se configurar como um importante núcleo urbano a partir da década de 1990. No entanto, o rápido crescimento trouxe consigo desafios significativos.
A necessidade de uma gestão eficiente dos recursos e a melhoria contínua da infraestrutura urbana tornaram-se indadiáveis para enfrentar a expansão desordenada e a pressão sobre os serviços públicos, com o objetivo de garantir a qualidade de vida dos residentes.
Saiba+
Apesar da urbanização, Vicente Pires ainda possui áreas verdes e recursos naturais que contribuem para a qualidade de vida dos moradores. A região é destaque em agricultura urbana. Segundo um levantamento de 2023, feito pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF), no total, o DF tem 6.015 pontos de cultivo, dos quais 1.282 estão em áreas urbanas. Em Vicente Pires, eram 191 pontos de cultivo até o ano passado.