É oficial. Não é apenas mais um ensaio para as eleições de 2018. É uma peça de teatro inteira, com direito a figurinos, cenários e textos milimetricamente decorados. É a tragicomédia política de Rodrigo Rollemberg, cujo primeiro ato dessa semana foi anunciar, após quase três anos de proibição de nomeações, novas contratações de servidores: 836 na Secretaria de Saúde, 274 deles médicos. Já o segundo ato, não menos irônico, foi publicar, no DODF, edital de concurso público para a contratação de 337 médicos. Um cálculo que, levando-se em conta a realidade do DF, só cabe no roteiro fictício da Brasília inventada pelo governador.
Agora, vamos aos fatos sobre o primeiro ato: até o final de 2016 havia 5.256 postos de trabalho de médico ocupados na SES-DF. Na folha de pagamento de agosto constam 5.104 contratos de trabalho médico vigentes. As 274 contratações representam um incremento de apenas 122 novos profissionais. As especialidades contratadas não correspondem à necessidade da rede de saúde pública. Não há mais saldo em diversas especialidades, incluindo anestesistas, neonatologistas e pediatras aprovados em concurso válido. Ou seja: as contratações são apenas reposição. Ou nem isso.
Desde o início desta gestão, Rollemberg se recusa a oferecer condições mínimas de trabalho aos servidores da saúde. Motivo pelo qual o segundo ato da tragicomédia criada pelo governador para enganar a população deve falhar. Não adianta anunciar concurso com mais de 300 vagas se continua faltando o básico dentro dos hospitais públicos do DF. Salvar vidas não depende apenas de recursos humanos. Mas, também, de estrutura para isso. Prova disso, aliás, são as rotineiras denúncias veiculadas pela imprensa revelando o desmonte da saúde. Não é preciso lupa para enxergar.
A falta de condições adequadas de trabalho nas unidades públicas de saúde e a política de gestão de pessoas do atual governo têm sido determinantes para que concursados deixem de assumir e servidores peçam para sair. E, além da escarnada ausência de estrutura em hospitais e postos de saúde, o GDF reduz salários: os aprovados no certame de 2014 não recebem a Gratificação de Titulação (entre 15% e 30% dos vencimentos básicos) e o Adicional de Insalubridade (10%). É o “Show de Rollemberg”, um teatro ensaiado desde janeiro de 2015, com começo, meio e fim: o último ato.
E o pior desta tragicomédia política, com certeza, é a farsa encenada por Rollemberg, que ilude e engana a população.