U ma das lógicas de existirem as Unidades Básicas de Saúde (UBS) é que elas estão, em geral, mais próximas das casas da população, facilitando, assim, o acesso à assistência. Porém, como, na Equação Rollemberg, não há nada tão ruim que não possa piorar, diante do caos causado no Distrito Federal pela greve dos caminhoneiros, o governador e sua equipe de gestão não tiveram ideia melhor (para não dizer o contrário) do que simplesmente interromper os atendimentos nos Centros de Saúde durante dois dias.
O resultado da “estratégia”, claro, assim como na Teoria do Caos – da qual, certamente, Rollemberg é seguidor -, foi a total desordem em cima da desordem. Com médicos e outros servidores realocados em serviços de urgência e emergência (hospitais e UPAs) a situação apenas se agravou: não havia nem consultórios e muito menos equipamentos suficientes para atender a população. Ou seja, mais uma vez, o GDF mostrou seu total despreparo para gestão em situações extremas.
Aliás, a tomada de decisões ruins na saúde e em outras áreas é marca deste governo. E só não foram piores porque houve oposição dos sindicatos, dos órgãos de controle, da Justiça e de alguns parlamentares. Isso fica claro, por exemplo, no custo elevado das poucas obras realizadas, como no caso da unidade básica de saúde do Pôr do Sol, em Ceilândia, entregue há pouco tempo: R$ 3.526,67 por metro quadrado, ou seja, 36,4% mais caro do que o previsto em nota técnica do Ministério da Saúde.
E a Teoria do Caos, tão praticada por este governo, também se fez presente na substituição de modelo na atenção primária à saúde – transformação das equipes dos centros de saúde em equipes de saúde da família. O próximo governo vai ter que corrigir os problemas que se acumulam: terminar o levantamento da população e fazer a redistribuição das unidades para melhor atender comunidades que cresceram é parte disso.
Como foi feita de forma atropelada, essa substituição de modelo aumentou a quantidade de equipes da Estratégia Saúde da Família, mas, de acordo com o Ministério da Saúde e com os relatórios gerenciais da própria Secretaria de Saúde, diminuiu a cobertura do atendimento de menor complexidade (a chamada atenção primária). Segundo o relatório de gestão do terceiro quadrimestre de 2017, foram mais de 100 mil atendimentos a menos em relação a 2016. Qual é o sentido?
Não há. Fato é que, como o GDF já não tem mais como sustentar sua suposta governabilidade, para eles, tanto faz. Na lógica (ou falta dela) da atual gestão do Buriti, e justamente por estarmos em ano eleitoral, o importante é apenas fingir que há a intenção de recuperar o DF do caos que eles mesmos criaram. É a Teoria do Caos na prática: quanto pior para nós, melhor para eles.