Coisas novas geram coisas novas. O anúncio do governador eleito Ibaneis Rocha de que vai ouvir as comunidades para escolher os administradores regionais é uma coisa nova. Mas gerou uma coisa novíssima: a disputa feroz entre centenas (ou milhares) de lideranças comunitárias, religiosas, esportivas, musicais, de bairro ou de quadra, etc, etc. Virou uma guerra!
O atual governador Rodrigo Rollemberg teve seu principal fracasso nesta questão. Prometeu abertamente, na campanha de 2014, que faria eleição direta e aberta para a escolha dos administradores. Depois deu uma banana para o povo.
No primeiro momento, nomeou administradores arbitrariamente, junto com o vice Renato Santana, que era o coordenador das administrações regionais. Quando o vice-governador virou a cabeça e começou a trabalhar só pensando na própria eleição, Rollemberg rompeu com ele, que se transformou num nada, uma alma penada dentro do Buriti.
Rollemberg passou a “vender” as Regiões Administrativas para deputados distritais burros, que se queimaram com isso. Lira é o pior exemplo. Ele trocava de administrador em São Sebastião como quem troca de fraldas. Quando o administrador começava a se destacar, era derrubado pelo ciúme do deputado. Assim, São Sebastião naufragou e o distrital, também, perdendo feio a eleição.
Agora temos o método Ibaneis para resolver o problema, mas as regras não estão ainda definidas. O governador eleito, quando presidente da OAB-DF, defendeu a participação do povo na escolha dos administradores regionais.
Mas é tarefa quase impossível de ser bem resolvida. Há 31 RAs hoje e Ibaneis promete criar, de imediato, mais duas (Sol Nascente e Por do Sol), duas ex-favelas que serão desmembradas de Ceilândia.
Durante os três primeiros meses, o futuro governador indicará administradores provisórios. Nesse período, vai ouvir a comunidade, que deverá apresentar a ele uma lista com três nomes. Desses, ele escolherá um administrador regional. Nada impede, porém, que os provisórios sejam mantidos.
Ansiosa e desesperada, a população de cada cidade está se mexendo de forma neurótica para “eleger” possíveis administradores. Há coisas malucas! Circulam nas redes sociais enquetes em que centenas de pessoas votam para indicar nomes de “administradores”.
Dentre essas pesquisas, surgiu a do semanário Brasília Capital, que abriu, de forma séria e idônea, espaço para a participação da comunidade. Até o fechamento deste artigo, mais de 16 mil leitores haviam acessado o site bsbcapital.com.br para deixar seu voto na corrida pelas regionais de Águas Claras, Taguatinga e Ceilândia. Sem dúvida, um universo bastante representativo e que dará ao governador Ibaneis uma ideia de tendência da preferência dessas populações.
Ao contrário de outras consultas, a do Brasília Capital não permite que o mesmo IP de computador ou de telefone celular vote mais de uma vez. Pena que não restringiu a participação de moradores de outras localidades. Mas isto é um mero detalhe. Afinal, porque um cidadão do Gama vai querer se intrometer na escolha do administrador de Taguatinga?
O levantamento do Brasília Capital se distingue, também, de enquetes montadas por algumas entidades. Nunca vi tanta associação, tanta instituição falante em nome da sociedade. Em Taguatinga, por exemplo, uma das mais vibrantes é o Clube do Jeep. Nesta mesma Taguatinga parece que existem seis rotarys clubes. Etc, etc. Acompanho dezenas de grupos nas redes sociais e dou muita risada com tudo.
Moral da história: este povo do DF é mesmo apaixonado por política. E, para ninguém cair em esparrela, sugiro acompanhar as enquetes do Brasília Capital, de longe o que surgiu de mais sério neste verdadeiro Terceiro Turno criado por Ibaneis.
(*) Jornalista e um dos coordenadores da campanha de Ibaneis Rocha