Chico Sant’Anna
A expectativa era de que após a data limite de mudanças partidárias o cenário das candidaturas fosse se aclarar. Ledo engano. Tudo ficou ainda mais confuso. Não apenas pela possibilidade de os partidos se federalizarem entre si – até 31 de maio – mas, principalmente, pelo fato de a data limite da formalização das candidaturas ficar bem perto do pleito: de 20 de julho a 5 de agosto.
Além disso, as arquiteturas eleitorais obrigam cálculos não só para ganhar as eleições majoritárias, como também eleger deputados federais e ultrapassar a cláusula de barreira – uma espada de Dâmocles sobre a cabeça dos partidos. Tudo isso tumultua o processo. A mais recente turbulência envolve três mulheres: Flávia Arruda (PL), Paula Belmonte (Cidadania) e Damares Alves (Republicanos).
Vídeos nas redes sociais deram o tom. Em um deles, o ex-governador José Roberto Arruda imagina sua esposa Flávia no GDF. Noutro, o senador Reguffe (UniãoBR) assegura que Paula estará na disputa a um cargo majoritário em 2022.
Ato falho
Como antecipamos, a escorregada de Arruda pode ter sido proposital. Comenta-se que agência de publicidade já tem peças prontas com o número 22 de Flávia para o GDF. Essa notícia tira o sono de Ibaneis Rocha e dá ânimo a Damares Alves.
A ex-ministra da Mulher e Flávia estão na conta de Bolsonaro. Se o presidente convencer sua ex-secretária de Governo a disputar o GDF, abre uma vaga para Damares para o Senado. Ela até já recebeu apoio de colegiados de pastores brasilienses.
Esse quadro agrada os bolsonaristas. Afinal, o MDB de Ibaneis Rocha pode tender tanto para a candidatura Lula (PT), quanto para a da senadora Simone Tebet (MDB). Com Flávia e Damares seu palanque no DF estaria seguro.
Se a candidatura de Flávia ao Buriti se materializar, Ibaneis poderia convidar Celina Leão (PP) para vice, para dar um toque feminino à chapa. Ou optar por Paulo Octávio (PSD). Em ambos os casos, contudo, perderia a chancela de Bolsonaro a seu nome.
Porta da felicidade
Um segundo vídeo foi protagonizado por Reguffe e Belmonte. Sob um grande arco de balões verdes e brancos, no estilo porta da felicidade, Paula, ao lado do marido Luiz Felipe Belmonte (PSC) – suplente de Izalci Lucas (PSDB) -, ouve elogios de Reguffe e a garantia de que ela estará numa legenda majoritária este ano.
Mas qual legenda? Qual partido? Ela é do Cidadania, que federalizou com o PSDB, que lançou o senador Izalci ao GDF. As regras eleitorais impedem que Belmonte apoie outro candidato a governador que não seja de sua federação.
Izalci reafirma a todo instante que sua candidatura está posta desde dezembro e que não a retira. Isto obriga Paula a ser candidata ao Senado ou a vice de Izalci. Mas ele sonha com um vice ou uma vice de outro partido, para obter mais tempo de TV e fundo eleitoral.
Pessoas próximas a Reguffe disseram que ele desconhecia o vídeo, que havia sido editado, retirando de contexto as palavras dele. O certo é que só existe uma chance de sua declaração vir a se confirmar com ele candidato ao GDF: uma coligação PSDB-UniãoBR. Mas, nesse caso, ou ele ou Izalci teria que deixar de ser candidato ao GDF, cabendo a Paula a vice ou o Senado.
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