Numa entrevista ao Portal 247, na terça-feira (21), Lula disse que durante os 580 dias em que esteve preso em Curitiba (PR) pensava em f… o ex-juiz Sergio Moro, que o condenou sem provas no inquérito da Lava Jato.
Sequestro e morte
O presidente só não contava com uma infeliz “coincidência”: no dia seguinte, a Polícia Federal deflagrou a Operação Sequaz (aquele que segue) para prender 11 integrantes da facção criminosa PCC, que preparava uma série de atentados contra autoridades. Entre elas, Moro. Pelo planejamento desvendado, ele seria sequestrado e assassinado.
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A deflagração da Sequaz na quarta (22) foi determinada pela juíza Gabriela Hardt, substituta de Moro na Lava Jato. A medida causou confusão em setores mal-intencionados da opinião pública e do meio político, procurando linkar as declarações do presidente às ameaças contra seu algoz.
Plano
Na realidade, o ex-juiz e senador eleito pelo Paraná foi comunicado em 20 de janeiro pelo Grupo de Acompanhamento e Enfrentamento ao Crime Organizado (Gaeco) de São Paulo e pela PF que um plano para o sequestrar e, eventualmente, assassiná-lo, havia sido detectado a partir de um monitoramento de células do PCC.
Silêncio
As polícias legislativas da Câmara dos Deputados (Rosângela, mulher de Moro, é deputada federal por São Paulo) e do Senado também foram comunicadas. O monitoramento prosseguiu de forma acurada e silenciosa até a manhã de quarta-feira (22).
Inércia
Gabriela Hardt assumiu na sexta-feira (17) como juíza substituta da Vara Federal do Paraná, onde se coordenava a ação integrada das polícias Federal, Legislativa e paulista. O monitoramento permaneceu inerte até terça de manhã, quando Lula disse, em 7 segundos numa entrevista de duas horas: “Quero que o Moro vá se f***!”. Menos de 24 horas depois a Sequaz estava nas ruas. Coincidência?
Resposta
Em entrevista à CNN Brasil na tarde desta quinta-feira (23), o senador Sergio Moro (União-PR) afirmou que “se algo acontecer com minha família, a responsabilidade está nas costas do presidente da República”. A declaração foi uma crítica à fala de Lula que, aos risos, disse que o plano do PCC de matar o ex-juiz “é mais uma armação de Moro”.
“Toda essa situação trouxe grande sofrimento à minha família e eu vejo um presidente da República dando risada quando ele é informado. Eu quero perguntar ao presidente da República: o senhor não tem decência, não tem vergonha do seu comportamento? O senhor não respeita a liturgia do cargo, o sofrimento de uma família inocente ameaçada pelo crime organizado? E digo mais, se algo acontecer com minha família, a responsabilidade está nas costas do presidente da República”
Moro subiu o tom contra Lula e disse que o chefe do Executivo tem o seu “repúdio”. “Não posso admitir que o presidente da República, o maior magistrado do país, trate um assunto dessa severidade e dessa gravidade dando risada e mentindo à população brasileira. Pelo jeito, ele não se importa com a vida das pessoas envolvidas e ameaçadas pelo crime organizado e tem o meu repúdio em relação a isso”, condenou.