Em audiência pública na Câmara, segunda-feira (9), convocada pela deputada Erika Kokay (PT-DF), o Sindicato dos Bancários de Brasília cobrou da Caixa a retificação do edital e a ampliação do cadastro de reserva do concurso em andamento. A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) também participaram do encontro.
Antes da audiência, o presidente da Federação dos Bancários do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN), Rodrigo Britto, distribuiu carta aberta da Fetec aos empregados e empregadas da Caixa manifestando “total apoio aos candidatos aprovados no concurso realizado em 2024” e exigindo da direção do banco ”retificação do edital e ampliação do cadastro de reserva”.
O representante da Caixa fez uma declaração infeliz, comparando o banco a uma fintech. Guilherme Simões, diretor do Sindicato, rebateu, reforçando a necessidade de valorizar os trabalhadores e ampliar o quadro de pessoal do banco. Veja a seguir:
Perdendo mercado – “O Brasil precisa da Caixa atuando nos programas sociais e nas áreas de captação de investimentos e de concessão de crédito para ter capacidade de concorrer no mercado com os demais bancos. Para isso, é preciso ter gente para trabalhar”, afirmou o diretor da Contraf-CUT e coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Rafael de Castro, ao ressaltar que o banco está perdendo espaço no mercado e dinheiro por atuar com empregados adoecidos devido à sobrecarga de trabalho.
“Temos consciência de que o desenvolvimento da tecnologia agiliza muitos procedimentos, mas, dado o enorme aumento de clientes e o perfil de atuação da Caixa, somado aos dados de redução de pessoal nos últimos 10 anos, não há dúvida de que há falta de pessoal para que a Caixa atenda adequadamente a população brasileira”, completou.
A técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Paula Reisdorf, apresentou dados que mostram que de 2014, quando a Caixa tinha 101.500 empregados, a setembro de 2024, quando o quadro de pessoal caiu para 83.640, houve uma redução de 17.860 postos de trabalho. No mesmo período, houve um aumento no número de clientes de 78,318 milhões para 153,196 milhões. “As falas de que há falta de pessoal, sobrecarga de trabalho e adoecimento traduzem na prática esses números”.
“Não vemos motivo para que vocês deixem de se tornar nossos colegas de trabalho, pois a Caixa precisa de empregados. Existem muitos dados que comprovam essa necessidade”, reforçou a diretora de Políticas Sociais da Fenae, Raquel Weber, se dirigindo aos candidatos do concurso da Caixa presentes.
Caixa Forte – A deputada Erika Kokay disse que abriu a audiência com a convicção de que a Caixa defenderia o aumento de contratações. “Fiquei decepcionada quando o representante da Caixa defendeu o baixo número de contratações e o formato do concurso, que não previu a criação de cadastro reserva suficiente, em desrespeito ao princípio da economicidade que toda empresa pública deve ter, pois nem se passou um ano do concurso e em muitos lugares todas as vagas já foram preenchidas”.
“Vamos sugerir que a Câmara crie um grupo de trabalho para ir até às agências ver que há falta de pessoal, acompanhar esse processo junto às entidades de representação dos empregados, e exigir que a Caixa altere o edital e convoque mais pessoas para suprir a carência de pessoal”, disse Erika. “O povo precisa de uma Caixa forte, que não pode funcionar com déficit de empregados”, concluiu.