Estações têm muito mais a oferecer do que a cena clássica: gente apressada para chegar a algum lugar. Sem medo de fazer uma pausa na rotina, tanto visitantes frequentes quanto turistas são atraídos por design, arquitetura exuberante e peças de arte únicas. Os detalhes fazem toda a diferença. Transitar por uma estação dessas — seja para tomar um trem, seja para encarar o metrô — vira uma experiência sensorial.
Alguns desses espaços foram convertidos em museus, literalmente. É o caso da Gare d’Orsay, antiga estação de trem da França. Hoje, o espaço abriga o famoso Museu de Orsay, às margens do rio Sena. No Brasil, a Estação Ferroviária Júlio Prestes, em São Paulo, era ponto de distribuição de café para todo o país e virou casa de concertos da Orquestra Sinfônica de São Paulo. Em Yorkshire, Inglaterra, a estação de trem Dent foi convertida em uma casa de luxo, disponível para aluguel.
Os ingleses são pioneiros — inauguraram a malha ferroviária mais antiga do mundo. Em Londres, por volta de 1863, os comboios (como eram chamados os trens), circulavam dentro de túneis pelo subsolo da cidade, movidos a vapor. Mais de 150 anos depois, dá para constatar o contraste entre antigo e moderno, com uma pitada artística, em vários pontos do mundo.
De metrô
Formosa Boulevard (Taiwan)
Ao viajar para a cidade de Kaohsiung, pegue o metrô e veja a maior instalação de arte pública do mundo. Criada por Narcissus Quagliata, a Dome of Light é um trabalho de 30 metros de diâmetro, feito com peças de vidro colorido vindas da Alemanha.
Olaias (Portugal)
Em Lisboa, azulejos não poderiam faltar. As paredes e pilastras dessa estação reúnem uma miscelânea de formas geométricas coloridas, do teto ao chão. Projetada pelo arquiteto Tomás Taveira, Olaias é considerada uma das melhores estações da Europa.
Kungstradgarden (Suécia)
As cores estão presentes até no teto. Irregular, ele expõe as pedras originais da escavação. Partes do piso, em preto e branco, lembram um tabuleiro de xadrez. Há pinturas e estátuas para todo lado. A decoração é inspirada em Makalos, Grécia. A estação fica em Estocolmo.
Waleed Khalid Bin Al (Emirados Árabes Unidos)
O luxo de Dubai se traduz nessa estação subterrânea. Sob o tema água, o interior é iluminado por luzes azuis e decorado com elementos alusivos ao fundo do mar. Destaque para os candelabros em formato de água-viva — eles atraem a atenção dos mais distraídos.
Universidad de Chile (Chile)
Nessa estação de Santiago, a atração é épica. Ao olhar para cima, os passantes podem apreciar a obra Memoria Visual de una Nación, do pintor Mario Toral. Em uma área total de 1.200m², seis painéis narram a política, religião, triunfos e tragédias chilenas.
Clássicas e deslumbrantes
Se hoje é mais comum viajar de carro ou de avião, há décadas, o trem era o mais prestigiado. Antes de se acomodar na poltrona de um vagão e seguir viagem, sinta o clima de nostalgia que paira sobre uma estação de trem. Tradicionais, esses lugares guardam infinitas memórias de chegadas e partidas. Além de pontos de passagem, são tão interessantes quanto os pontos turísticos mais afamados de uma cidade.
Um bom exemplo é a Estação de São Bento, em Porto, Portugal. Lá, as paredes são ilustradas por azulejos azuis — um dos símbolos da cultura portuguesa. Em Nova York, o terminal Grand Central foi cenário de encontros e despedidas em dezenas de filmes, como por exemplo Superman (1978) e Brilho eterno de uma mente sem lembranças(2004).
Várias cenas de A invenção de Hugo Cabret (2011), dirigido por Martin Scorcese, acontecem em uma estação de trem. A ideia inicial do diretor era usar a Gare du Nord, em Paris, como pano de fundo. Sem sucesso (a estação é uma das mais movimentadas do país), partiu para um terminal de Londres. O cenário final, feito com ajuda do computador, misturou referências de três estações: Gare du Nord, Gare de Lyon e a antiga Gare d’Orsay (atual museu d’Orsay), todas na capital francesa.
As referências cinematográficas são muitas. As estações também. O continente europeu marca presença em qualquer lista de terminais pelo mundo, mas outras localidades do globo têm muito a oferecer. Da Índia aos Estados Unidos, não perca a chance de viajar de trem, mas antes, pare para apreciar as belezas das estações ferroviárias. Veja a seleção do Turismo:
Estação Chhatrapati Shivaji (Índia)
Por sua relevância histórica, a estação foi designada Patrimônio Mundial pela UNESCO em 2004. Projetada por um engenheiro britânico, tem estilo neogótico com influências da arquitetura indiana. Foi pano de fundo para cenas do filme Quem quer ser um milionário (2008).
Estação Keleti (Hungria)
Erguida no século 19, a estação tem a parte interna decorada com afrescos de Karoly Lotz, responsável por ornamentar pelo menos outros dez monumentos de Budapeste. O terminal é conectado a linhas de metrô e de ônibus e recebe a maior parte dos trens internacionais.
Estação Central da Antuérpia (Bélgica)
Aqui, o passeio começa no desembarque. Construído no século 19, o terminal é eclético. A arquitetura clássica abriga um shopping center e uma praça de frente para a fachada — a favorita dos fotógrafos. A decoração do hall de entrada impressiona do teto ao chão.
Estação de Dunedin (Nova Zelândia)
O lugar exala grandiosidade: a plataforma principal tem 1km de extensão. Erguido em estilo flamengo renascentista (comum no país), o edifício abriga uma galeria de arte e um hall da fama do esporte no primeiro piso. No térreo, há várias opções de restaurantes.
Union Station (Estados Unidos)
Dona de uma atmosfera tropical, essa é a principal estação da Califórnia. Com influência da Art Deco, a estrutura é acompanhada de vários jardins. O interior é revestido de mármore e o piso imita tapetes típicos do povo Navajo, nativos americanos do sudoeste do país.