Uma pesquisa com trabalhadores com carteira assinada, que pediram demissão por conta própria, foi promovida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) entre os dias 10 e 21 de junho para saber os motivos que os levaram a fazer o pedido. A pesquisa é inédita e foi realizada por meio do aplicativo Carteira de Trabalho Digital. O convite foi enviado para cerca de 3,77 milhões de aparelhos. Desses, 951 mil trabalhadores foram alcançados e cerca de 53.692 pessoas responderam ao questionário.
A pesquisa foi realizada a pedido do ministro, Luiz Marinho, para entender os motivos do aumento no número de desligamentos, registrado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). Para se ter ideia, em 2023, 34% dos pedidos de desligamento partiram dos próprios trabalhadores: 7,4 milhões de pessoas. Este ano, o número tende a aumentar porque de janeiro a junho deste ano mais de 4,3 milhões de solicitações já foram feitas por parte de trabalhadores: 36% do total de desligamentos em 2024.
J. R. (que não será identificada) era professora de educação infantil em uma uma creche pública do Distrito Federal e decidiu pedir demissão por conta, segundo ela, do relacionamento com sua diretora. Ela alega que recebia críticas frequentes e ameaças veladas de demissão. As discussões levaram à diretora pedir que J. R. assinasse um termo de advertência por conta de uma resposta mais contundente por parte de J. R., que, após dois meses nessa situação, pediu a demissão em abril de 2024.
Resultados
No questionário da pesquisa os participantes puderam informar mais de um motivo para a decisão. Portanto, a soma da porcentagem de cada resposta não corresponde a 100%. Os principais motivos indicados foram:
- Ter outro emprego em mente (36,5%);
- Baixo salário (32,5%);
- Falta de reconhecimento do trabalho (24,7%);
- Problemas éticos com as atividades da empresa (24,5%);
- Adoecimento mental por estresse (23%);
- Dificuldade de deslocamento entre casa e trabalho (21,7%);
- Busca de outro tipo de trabalho (18,6%);
- Problema com a chefia imediata (16,2%);
- Inflexibilidade da jornada (15,7%);
- Necessidade de cuidar de criança ou outro membro da família (9,1%).
- Nenhum dos motivos anteriores foi relevante para a decisão (27,8%).
Participaram trabalhadores que pediram desligamento entre novembro de 2023 e abril de 2024. Entre eles, 53,4% são homens e 46,6% são mulheres. O tempo médio no emprego foi de 12 meses. Confira mais detalhes do levantamento inédito aqui.