Internado em estado grave desde sábado (25) na UTI do Hospital Brasília, Joaquim Roriz será, mais uma vez, decisivo numa eleição no Distrito Federal. Inconsciente pelo agravamento do diabetes que o acomete desde a juventude, somado nos últimos anos ao mal de Alzheimer, o velho cacique centralizará as atenções no início do horário eleitoral gratuito que começa sexta-feira (30). São pelo menos cinco candidatos disputando diretamente seu legado político.
Eliana Pedrosa (Pros) se habilitou a pleitear a herança ao atrair para seu grupo a família Roriz. Estão em sua coligação o filho de Jaqueline Roriz (PMN), Joaquim Neto (Pros), que concorre a deputado federal, e a ex-primeira-dama, Weslian (PMN). Esta declinou da candidatura ao Senado para se dedicar a cuidar do marido enfermo.
Pandora – O deputado Rogério Rosso (PSD), mais ligado à filha caçula, deputada distrital Liliane Roriz (Pros), frequentava a casa da família e ocupou cargos nas gestões rorizistas. Tornou-se íntimo do ex-governador, mas herda a banda podre do inventário.
O roqueiro Rosso sucedeu Durval Barbosa, delator do escândalo da Caixa de Pandora, na presidência da Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central (Codeplan). Não custa lembrar que foi ali que ocorreu todo o esquema de corrupção que abasteceu o esquema no último governo Roriz e no mandato de José Roberto Arruda (PR), que renunciou após ser preso.Os adversários contam ter conhecimento de vídeos em que o candidato do PSD aparece recebendo pacotes das mãos de Durval, supostamente com dinheiro fruto de corrupção.
Ao lado do deputado Alberto Fraga (DEM) estão vários aliados históricos de Roriz. Entre eles, o ex-secretário de Comunicação, Weligton Moraes, detentor do histórico político do líder, a quem acompanha até hoje. Fraga, que é coronel aposentado da Polícia Militar, não esconde sua admiração pelo “velho” e é um dos que declaram ter assistido aos vídeos estreladas por Durval e Rosso.
Escrituras – Candidato do MDB, o ex-presidente da OAB-DF Ibaneis Rocha tem como principal cabo eleitoral o presidente regional da legenda, Tadeu Filippelli. Ex-secretário de Obras de Roriz, o ex-vice-governador de Agnelo Queiroz (PT) – ele procura omitir essa passagem de seu currículo – conta com o ex-presidente da Caesb, Fernando Leite, no time que formula o programa de governo do emedebista.
Até o governador Rodrigo Rollemberg (PSB), que sempre esteve em lado oposto ao de Roriz, atualmente afaga o fiel eleitorado do velho cacique. Reconhece publicamente que o ex-governador promoveu a maior reforma urbana da história do Distrito Federal ao remover favelas e criar assentamentos populacionais que hoje se transformaram em importantes cidades.
Rollemberg, que um dia foi crítico dos azuis, quando se perfilava do lado vermelho da cidade identificado com o PT, se orgulha de estar concluindo a obra de Roriz. Ou seja, se o ex-governador deu dignidade a dezenas de milhares de famílias com lotes em Samambaia, Recanto das Emas, Sobradinho II, Planaltina, Itapuã, Riacho Fundo, Santa Maria, e outros rincões do quadrilátero, é ele, Rollemberg, quem está tratando de garantir a segurança jurídica para toda essa gente.
Ele entregou mais de 60 mil escrituras nos últimos três anos e meio. Este feito supera a soma de documentos emitidos por todos os seus antecessores somados, o que dá tranquilidade a uma imensa parcela da população.
Comoção – Resta saber qual dos candidatos ao Buriti conseguirá convencer a legião de eleitores rorizistas a lhe dar um voto de gratidão. A corrida começa sexta-feira no rádio e na televisão e pode se tornar fator decisivo, a depender da evolução do quadro de saúde de Joaquim Roriz.
Os institutos de pesquisa já buscam dados sobre a comoção que Roriz pode causar no pleito de 2018. E as coordenações das campanhas avaliam como usar isso a favor de seus candidatos. Mas o resultado só será conhecido mesmo nas urnas de 7 de outubro.