O que constitui a democracia é basicamente o fato de que se trata de um regime de governo em que todas as importantes decisões políticas estão com o povo: por meio do voto. E, por isso, ele é o único sistema capaz de representar a todos. No entanto, é amplamente sabido que, neste ano, a maior parte dos brasileiros não se sente representada pelos políticos que elegeu há quatro anos. Por isso, criou-se o mito de que “votar nulo ou em branco” ou até se abster do direito ao voto é a melhor saída. Só que nenhuma das três opções é capaz de anular um pleito. E, escolher alguma delas significa, na verdade, ter uma quantidade menor de pessoas decidindo o destino de todos.
Há um erro de interpretação do Código Eleitoral que, de fato, leva a população a acreditar que sair de casa, no dia das eleições, para anular o voto ou votar em branco é uma forma de “mostrar sua indignação”. Quando o artigo número 224 do texto fala em “nulidade dos votos” e “nova eleição”, na verdade, refere-se a situações como “fraude, coação e utilização de falsa identidade”. Por isso, o pleito de outubro só poderá cancelado e refeito se acontecer – com comprovação – alguma das situações citadas. Se a maioria dos votos computados for de pessoas que utilizaram falsa identidade, por exemplo, aí, sim, será realizada nova eleição.
E por que eu estou falando disso? Porque me preocupo. Como representante de uma instituição médica, que lida diretamente com servidores e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e da saúde suplementar, me inquieta a ideia de um país em que a população abre mão do voto e, como consequência, se coloca nas mãos de poucos, abrindo espaço para um ambiente político muito pior do que esse em que vivemos hoje. Se poucos escolherem por muitos, certamente não haverá representação para todos. E os sonhos da maioria irão por água abaixo. Pelo menos nos próximos quatro anos.
Para mim, ir às urnas em outubro deste ano, disposto a votar naqueles candidatos em que acredito, é dizer: eu sei que meu sonho é possível. Sei que um novo Distrito Federal é possível. Sei que um novo Brasil é possível. E somente com a política e pelas mãos dos políticos é que utopias – essas que nos fazem ir adiante – podem se tornar realidade. Por isso, com certeza, não abrirei mão do meu voto em outubro. Sei que, somente por meio dele, a democracia é algo possível. O voto é isso que chamamos de cidadania.
Então, por mais que a maioria dos representantes da política hoje não esteja levando adiante compromissos de campanha, a gente tem que acreditar e, mais do que isso, renovar. Precisamos fazer diferente com o nosso voto. Precisamos prestar atenção em quem se apresenta, analisar o histórico e pensar em saúde, educação e segurança: as nossas principais demandas hoje. A política ainda é a nossa salvação. E nós, como cidadãos, podemos e devemos recuperar a boa política: aquela que supera desafios e serve à população. Sem demagogias.