Aqui em Bogotá, apesar da incredulidade de muitos articulistas e analistas políticos da mídia em relação aos institutos de pesquisas colombianos e seus resultados enviesados e controversos em eleições passadas, há um clima diferente no ar, de total imprevisibilidade sobre qual será o resultado do segundo turno das eleições presidenciais neste domingo, 17 de junho.
A Colômbia é o país que mais sofre com a crise humanitária na Venezuela. Mais de um milhão de venezuelanos imigraram para a Colômbia nos últimos 16 meses, o maior movimento imigratório da história do país. Isto dá ainda mais força de adesão popular ao discurso padrão de direita dos povos latino-americanos de que “não vão deixar seu país se tornar uma Venezuela”.
É um mantra centro-direitista das manifestações de rua, seja no Brasil, aqui na Colômbia ou em qualquer dos outros países, inclusive da América Central, que já visitamos e analisamos in loco com o projeto “Tour Eleições das Américas”.
O fato é que, apesar de todo o contexto social colombiano, e da prevalência eleitoral histórica da direita fazerem do senador Iván Duque o favorito nas urnas. Ele é do partido Centro Democrático e afilhado político do ex-presidente Álvaro Uribe.
Ainda assim, não existe hoje a certeza de sua vitória, pois o crescimento no segundo turno do ex-prefeito de Bogotá, Gustavo Petro, ex-guerrilheiro de esquerda, fez com que os indecisos de centro se tornassem o fiel da balança para decidir quem será o próximo presidente.
Mirando sua artilharia discursiva no eleitorado de centro, em especial nos eleitores indecisos que no primeiro turno votaram em Sergio Fajardo, que obteve 23% dos votos válidos, Gustavo Petro utiliza toda sua experiência no campo de batalha para tentar dominar territórios e subverter o status quo da dinâmica eleitoral histórica do país.
Segundo a última pesquisa do Centro Estratégico Latino-Americano (Celag), divulgada no dia 11 de junho, com margem de erro de 2,2 pontos percentuais e intervalo de confiança de 95%, Petro alcança 40% das intenções de voto, ante 45,5% de Duque. Se reais, números tão acirrados assim podem fazer com que o vencedor seja aquele que consiga criar nesta reta final convencimento por meio do discurso segmentado às ambições do eleitorado de centro.
Para chegar à vitória será necessário também fôlego, inclusive financeiro, para fortalecer a mobilização de rua, tanto nos principais bolsões eleitorais quanto no dia D, o domingo das eleições, com boa gestão das equipes de rua,contundência no trabalho de “boca de urna” e convencimento de comparecimento às urnas, evitando as pretensas abstenções, como apontam diversas pesquisas.
Para tanto, Petro acenou fortemente aos liberais na última semana de campanha, com clara intenção de tentar arrebanhar os votos que faltam para sagrar-se vitorioso. Negando sua essência genuinamente esquerdista, Petro agora se diz “um liberal de verdade”. Mero recurso retórico. Se funcionará ou não, saberemos neste domingo.
Caso a esquerda vença na Colômbia e seja mais uma exceção no movimento de guinada à direita dos governos das nações latino-americanas, certamente suas causas e estratégias servirão como lições a serem seguidas pelos candidatos brasileiros. Estamos aqui, presentes, para captar, analisar e, quem sabe, importar algumas estratégias para nossos clientes no Brasil.
Acompanharemos todos os acontecimentos e desdobramentos deste segundo turno e toda nossa movimentação pela Colômbia será registrada em fotos e vídeos, e compartilhada com vocês, nas redes sociais da Viés Marketing Estratégico e exclusivamente aqui, no Brasília Capital.
iHastala vista, muchachos!