Os aplicativos, criados não apenas com a intenção de facilitar o cotidiano, mas também de unir pessoas, nunca fizeram tantos “conectados” se sentirem solitários. Jamais estivemos tão juntos e, ao mesmo tempo, tão separados.
Vivemos uma era de muita conexão virtual via Facebook, WhatsApp, Instagram, Tinder, Twitter, Uber etc.Haja informação para dar conta! Mas, quanto mais conectados no externo,parece que ficamos menos conectados com a vida real e com quem nos cerca.
São muitas mensagens a responder, inúmeras curtidas e matches. Mas o que disso tudo é verdadeiro na sua vida? Dessas conexões todas, quantas realmente lhe fazem vibrar e diferenciam seu dia como um “bom dia” bem-humorado e dado pessoalmente?
O mundo te parece estranho ou estou vendo tudo contorcido e desconexo? Nunca foi tão fácil, como hoje, criar “máscaras” e se proteger. Nas redes sociais, todos estão sempre bem, felizes, dispostos, viajando, divertindo-se.Chega a assustar a vida “perfeita e inabalável” vista de tantos holofotes.
É paradoxal ser o momento de mais possibilidades para se conectar e, ao mesmo tempo, a era em que as pessoas cometem mais suicídios, numa era de solidão e de depressão, porém cercadas de “conexão”.
Algumas vezes questiono que fobia social e relacional é essa que afeta as pessoas hoje em dia. Que pavor de estar perto estando longe fisicamente? O que aconteceu com a presença? Parece que manifestamos mais quem somos quando não somos vistos. Tudo é muito efêmero, muito líquido.
As relações, sejam afetivas ou pessoais, parecemacontecer num curto espaço de tempo. E na mesma intensidade que começam, terminam. O medo superou as expectativas? Quanto mais conectados, mais antissociais? É a geração? São as crenças? Foi tudo culpa da tecnologia?
Não sei. Porém, percebo que a extensa conexão e suas múltiplas possibilidades estão deixando as pessoas cada vez mais afastadas e desconectadas, não só de outras pessoas, mas delas mesmas.
É contraditório ver tamanha exposição nas timelines, enquanto na vida real ninguém se expõe, nem se mostra. Mostramos aquilo que queremos que seja visto, mas e o resto? E o principal? Isso a gente guarda, até de nós mesmos.
E você, está disposto a abrir o baú e mostrar o que tem nele ou prefere encenar personagens? Na timeline da vida real, quem é você?
(*) Psicóloga – CRP 01/16757, Clínica Diálogo