Não se passa de um ano para o outro como se virasse a página de um jornal. Ainda mais um ano como foi 2017, que mergulhou o Brasil numa singularíssima crise política, institucional e econômica. Pela primeira vez na história, um presidente no exercício do mandato foi denunciado por prática de crime. E por duas vezes! Os processos não continuaram porque todos os esforços do Palácio do Planalto – leia-se liberação de polpudas verbas – foram mobilizados para que a Câmara dos Deputados não permitisse que o Supremo Tribunal Federal abrisse os processos.
Num clima desses, a situação do País agrava-se. A economia, já deteriorada, afunda-se ainda mais. Por alguns momentos, pareceu inevitável o confronto entre os poderes, especialmente Judiciário e Legislativo, por causa de parlamentares investigados na Operação Lava Jato. Os sindicatos e centrais sindicais entraram em ebulição. Além da reforma trabalhista, aprovada, o ano termina com o governo disposto a tudo fazer para mudar as regras da Previdência Social. Tal definição ficou, provavelmente, para fevereiro.
Quem está do lado dos trabalhadores brada contra o que sindicalistas e parlamentares da oposição consideram retirada de direitos. E mantém a mobilização contra o projeto para 2018. Até no caso do trabalho escravo houve rebuliço. Iniciativas do governo amenizaram as condições para que este tipo de crime seja denunciado pelos fiscais do Ministério do Trabalho. A contestação de entidades de direitos humanos nacionais e estrangeiras foi imediata. Tudo isso tendo como pano de fundo para as prisões de figurões do meio empresarial e políticos com e sem mandato.
Lamentavelmente, o Brasil pode voltar a figurar no Mapa da Fome, elaborado pela ONU, de onde saiu quando foi constatado que menos de 5% da população estava em situação de vulnerabilidade extrema. O quadro inverteu-se. Volta uma ajuda que representa um triste símbolo da miséria ressurgida com força: o Natal Sem Fome. promovido pela ONG Ação da Cidadania, fundada em 1993 pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. A campanha havia sido suspensa há dez anos.
Como não se pode entrar num novo ano como se estivesse diante de nós uma página em branco, 2017 finda-se deixando enormes apreensões em todos os brasileiros. Especialmente no caso da reforma da Previdência. A falta de transparência deixa inúmeras dúvidas a respeito da necessidade de dinheiro no caixa previdenciário. As interrogações vão das dívidas milionárias de empresários à falta de gerência correta do que é arrecado dos trabalhadores.
O que conforta é que tradicionalmente o tão decantado espírito natalino despeja sobre nós esperanças renovadas. São estas esperanças que o Brasília Capital deseja reavivar em sua memória para que você tenha um final de ano alegre e feliz. O que mais reanima agora é o descanso e as energias renovadas a cada um dos que nos acompanham para que em 2018 tenhamos a força necessária para transformar em realidade, se não todos, pelo menos a maioria dos nossos sonhos.
Feliz Natal!
Próspero Ano Novo!