Os donos da rede de joalherias Antônio Bernardo, envolvida no esquema do ex-governador Sérgio Cabral, assinaram um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal e se comprometeram a pagar R$ 10,6 milhões em multa.
Imagens obtidas pelos investigadores mostram Gilda Vieira, ex-governanta de Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo, na joalheria Antônio Bernardo, na Gávea, Zona Sul do Rio, entregando peças para serem avaliadas. A movimentação de Gilda motivou a polícia a realizar uma operação para tentar recuperar joias que estariam sendo escondidas por Adriana e pelo ex-governador do Rio.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a ex-governanta levou à loja uma pulseira e um par de brincos, que pertenciam à ex-primeira-dama do estado. No dia seguinte, a Polícia Civil recebeu uma denúncia anônima e foi à loja. A força-tarefa da Lava Jato foi informada pela direção da Antonio Bernardo sobre a ida de Gilda à loja, e intimou a ex-governanta a prestar depoimento.
Ao MPF, Gilda caiu em contradição: primeiro ela disse que recebera as joias como pagamento de salários atrasados e que o casal lhe devia cerca de R$ 14 mil. Depois, a ex-governanta afirmou que se apropriou das joias, que estavam em uma gaveta, após a prisão do ex-governador, por medo de não receber os atrasados.
Ainda segundo o MPF, Gilda disse ter a intenção de vender as joias, mas acabou entregando-as à Justiça. Foi esse depoimento que levou a Polícia Federal a fazer uma verdadeira caçada a outras joias pertencentes a Adriana Ancelmo.
E foi Gilda quem informou aos agentes que Nusia Ancelmo Mansur, irmã de Adriana, poderia estar guardando joias em sua casa. Os agentes foram à casa de Nusia e apreenderam 15 joias, que estão sendo periciadas – a PF quer saber se as peças fazem parte da lista de joias que estão desaparecidas. Sérgio Cabral e a mulher teriam lavado R$ 11 milhões com a compra de 189 joias, das quais apenas 40 foram encontradas até o momento.