O aumento do desemprego, a crise econômica e os avanços das reformas trabalhista e da Previdência no Congresso Nacional, afetam diretamente as negociações salariais de várias categorias no país. Segundo levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) entre 300 categorias, 30 tiveram reajustes abaixo da inflação, para 91 foi igual ao INPC, 107 categorias conseguiram apenas 0,5% acima da inflação e 38 categorias entre 0,51% e 1% acima da inflação.
Em maio, o secretário de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest), do Ministério do Planejamento, Fernando Antonio Soares, anunciou que o Governo Federal tem a meta de demitir 20 mil funcionários públicos federais em 2017 e disse que os bancários, possivelmente serão a única categoria entre os trabalhadores de empresas públicas que terão reajuste salarial acima da inflação em decorrência da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria.
Soares se referia ao acordo estabelecido entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) em 2016 válido por dois anos. Nesse cenário, a categoria bancária é uma das poucas do país a conquistar aumento real dos salários, inclusive aos trabalhadores da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e demais bancos públicos. O reajuste da categoria repõe o INPC/IBGE, que foi de 1,73%, alcançando 2,75% sobre salários, vales refeição, alimentação e auxílio creche/babá.
“No ano passado conseguimos prever esta conjuntura de recessão e ataques aos trabalhadores e seus direitos e fizemos um acordo de dois anos. Somente por isso conseguimos aumento real de 1%. Esta não é a realidade da maioria das categorias e, entre as empresas públicas, os bancários serão, possivelmente, a única categoria que obterá aumento real neste ano”, disse Roberto von der Osten, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). \”Com o acordo de dois anos, também blindamos a categoria de possíveis ataques contra conquistas presentes em nossa Convenção Coletiva, que permanecerão intocáveis durante toda a vigência da Convenção\”, completou o presidente da Contraf-CUT.
Aumento real
Os bancários conquistaram o aumento real de 1% depois de uma longa greve de 31 dias, em um acordo de dois anos. Além do reajuste, os bancários conseguiram o abono total dos 31 dias de paralisação, sem a necessidade de compensação ou desconto dos dias parados.
Desde 2004 os bancários iniciaram um processo de valorização e aumento real dos seus salários. Neste ano, o reajuste de 1% acima da inflação deve ser ainda mais valorizado não apenas pelo momento histórico do país, mas também por vir em um tempo de deflação.