Como os poetas são os arautos de Deus e enxergam longe, eis que o sábio David, o rei de maior projeção de Israel, ao escrever o Livro dos Salmos, vislumbrou no Capítulo 12 o mar de lama em que se afoga o Brasil:
“Salva-me, ó Deus Eterno! / Pois já não há mais gente honesta, / e as pessoas de confiança desapareceram da terra. / Todos dizem mentiras uns aos outros, / e um engana o outro com bajulações/
Ó Deus Eterno, faze com que esses bajuladores se calem; / fecha a boca dessa gente convencida! / Eles dizem: “Com as nossas palavras, venceremos, / ninguém vai tapar a nossa boca. / Quem é que manda em nós?”.
Mas o Deus Eterno diz: Agora eu levantarei / porque os pobres estão sendo oprimidos, / e os perseguidos gemem de dor. “Eu lhes darei a segurança que tanto esperam”.
As promessas do Deus Eterno merecem confiança; / são como a prata pura, / refinada sete vezes no fogo”.
Por histórica coincidência, esse texto do Velho Testamento confere ipsis literis com a crise moral brasileira, que atingiu o auge com a gigantesca lista de corruptos divulgada na ultima semana pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, na qual figuram ex-presidentes da República, governadores, prefeitos, ministros de Estado, senadores, deputados e até empresários coniventes.
Faz lembrar a operação Mãos Limpas, ocorrida na Itália, em 1990, que resultou em 6.059 investigados e nada menos de 2.993 mandados de prisão, provocando pânico e desespero aos condenados. Muitos fugiram, asilando-se em países da Ásia; e meia dúzia desses políticos de mãos sujas, na certa envergonhados, optou pelo suicídio, um dos quais com um tiro na cabeça.
Mas, na versão nacional, pelo andar do andor, tudo leva a crer que as investigações burocráticas no STF se estenderão durante meses e acabarão em pizza, para o bem dos oito ministros da equipe de Michel Temer, que também já foi denunciado, de leve. E o pior: como já ocorreu anteriormente, tal qual o senador alagoano Renan Calheiros, graças aos votos de eleitores inconsequentes, os larápios voltarão.
E pelo visto, só há uma solução: parodiar o sábio David bíblico, unindo-nos em oração contrita: Salva o Brasil, ó Deus Eterno!