Mesmo com a presença de um deputado do PDT na disputa pela presidência da Câmara, partidos que fazem oposição ao presidente Michel Temer, entre os quais PT e PCdoB, estudam apoiar a possível candidatura à reeleição do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), aliado do Palácio do Planalto.
Até agora, oficialmente, somente os deputados Rogério Rosso (PSD-DF) e Jovair Arantes (PTB-GO) lançaram as candidaturas deles. André Figueiredo (PDT-CE) já anunciou a pré-candidatura e Rodrigo Maia, mesmo que não confirme oficialmente, já iniciou uma campanha informal e disse que \”caminha\” para disputar o cargo mais importante da Câmara (saiba mais sobre as estratégias de cada um).
Principal partido da oposição ao governo Temer, o PT já foi procurado por todos esses deputados. De acordo com o novo líder da bancada, Carlos Zarattini (PT-SP), o mais importante é garantir que, com a segunda maior bancada da Casa, a legenda tenha direito indicar cargos para a Mesa Diretora.
\”Isso [indicações] está acima de qualquer candidatura\”, disse. Para Zarattini, a negociação com Rodrigo Maia é \”natural\” e não indica que o PT está se unindo com o DEM – o partido, tanto na Câmara quanto no Senado, fez oposição aos ex-presidentes Lula e Dilma e votou a favor do impeachment em 2016.
\”Para exercermos nossa força de oposição, temos que ter nosso espaço político representado [na Mesa Diretora]. É importante que esse espaço exista\”, afirmou. Atualmente, o PT não ocupa nenhuma cadeira no comando da Câmara.
O partido marcou para o próximo dia 17 uma reunião na qual definirá qual posição adotar em relação à disputa pela presidência da Câmara. Nesta terça (10), Carlos Zarattini esteve no lançamento da candidatura de Jovair Arantes, mas disse ter ido ao ato somente para parabenizar o parlamentar.
PCdoB
É esperada, também para o dia 17 deste mês, uma definição por parte do PCdoB sobre a eleição de fevereiro na Câmara.
Na avaliação do líder da bancada, Daniel Almeida (PCdoB-BA), Rodrigo Maia é o deputado que tem mais chances unificar os partidos da Casa. Almeida não descartou apoiar André Figueiredo, mas disse que a candidatura do deputado do PDT só será viável se a oposição estiver unificada e a base de apoio ao governo, fragmentada.
\”Não acredito muito nessa hipótese. Acho que alguém da base vai retirar a candidatura no caminho e, aí, complica para a oposição. Temos que avaliar para evitar que a oposição fique em posição de isolamento\”, disse.
\’Grande incoerência\’
André Figueiredo disse que tentará convencer os colegas da oposição a apoiá-lo até o dia 17 (antes das reuniões de PT e PCdoB).
Para ele, porém, é uma \”grande incoerência\” partidos que fazem oposição ao Palácio do Planalto apoiarem um aliado de Michel Temer.
\”Considero uma grande incoerência, disse. \”[Mas] não vejo isso [apoio da oposição a Maia] como uma posição partidária do PT e do PCdoB. Pelas conversas que tive, a maioria dos deputados advoga a tese de um candidato da oposição\”, acrescentou.
PSOL e Rede
Oposição ao governo do presidente Michel Temer, os deputados da Rede deverão anunciar uma decisão sobre a disputa pela presidência da Câmara somente nos dias que antecederem a eleição. O PSOL, por sua vez, deve lançar um candidato próprio, com nome ainda indefinido.
O líder da bancada, Ivan Valente (PSol-SP), criticou as negociações entre partidos da oposição e Rodrigo Maia. \”O PT inclinado a apoiar Maia em troca de um cargo na Mesa, achamos um absurdo, depois de tudo que aconteceu em 2016\”, disse.
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