Um dos raros governadores que enfrentou o cartel dos ônibus foi José Aparecido. Na Nova República, criou o Caixa Único e passou a remunerar as empresas por quilômetro rodado e não por passageiros carregados. A medida permitiu remunerar o transporte público pelo o que ele havia efetivamente custado. Uma linha mais rendosa subsidiava a deficitária. Pagando por quilômetro rodado, passes estudantis, de idosos e outros não eram cobrados pelas empresas de ônibus, pois pra elas carregar 200 ou apenas uma pessoa num ônibus representava a mesma remuneração, calculada numa planilha aberta à sociedade. Para as empresas era mais lucrativo colocar mais ônibus circulando e não encher poucos ônibus com milhares de passageiros.
O Caixa Único ainda podia ser reforçado com receitas de publicidades nos coletivos, terminais e pontos de ônibus, receita de estacionamento pago, além de quantias arrecadadas das multas aplicadas às próprias concessionárias. Era um fundo para custear a mobilidade urbana.
Aparecido foi sucedido por Joaquim Roriz, que acabou com o Caixa Único e restabeleceu o sistema preferido pelas empresas. Embora o método facilitasse o bilhete único e a integração das linhas, Agnelo Queiroz, que teve a oportunidade de recriar o Caixa Único, preferiu manter a lucratividade das concessionárias. O então secretário de Transportes, José Walter Vásquez, alegava que o sistema de quilometragem incentivava as empresas a não pararem nos pontos para pegar passageiros. A frágil explicação não considerou que os ônibus contratados deveriam ter GPS e eram passíveis de monitoramento em tempo real.
Rodrigo Rollemberg, ao receber ordem judicial para abrir nova licitação de contratação de empresas de ônibus, também teve oportunidade para criar novas regras de contratos. Preferiu insistir na licitação considerada viciada pelos tribunais. Agora, vivencia um sistema deficitário e inoperante. A única coisa de primeiro mundo no sistema de transporte de Brasília é o preço. Rollemberg conseguiu uma tarifa mais cara do que a de Londres.
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