O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusou hoje (23) os países fundadores do Mercosul de pretender impor a Caracas \”uma sanção que não existe\” e avisou que ninguém poderá expulsar a Venezuela daquele organismo. As informações são da Agência Lusa.
\”Ninguém vai poder tirar a Venezuela do Mercosul (…). Se nos tirarem pela porta, nós entraremos pela janela\”, disse Maduro, no programa radiofônico A Hora da Salsa, durante o qual apelou aos povos da América Latina para se unirem para que as \”oligarquias não se imponham\”.
O presidente venezuelano disse ser necessário defender o Mercosul, \”cujos princípios e estatutos estão ameaçados por governos da direita que promovem uma agenda desestabilizadora contra a Venezuela\”.
Na segunda-feira (21), o ministro de Relações Exteriores do Paraguai, Eládio Loizada, anunciou que a Venezuela vai ser suspensa, como \”Estado associado\” do Mercosul, ficando \”sem voz\” naquele organismo. O anúncio teve lugar durante uma conferência de imprensa na cidade de Assunção, durante a qual Loizada explicou que em dezembro termina uma prorrogação concedida a Caracas para incorporar a sua legislação no acervo jurídico do Mercosul.
\”Será suspensa, sem voz, e continuará nessas condições até que ratifique os compromissos que tem que cumprir como \”Estado associado\”, frisou o diplomata paraguaio. Segundo ele, Caracas notificou que não poderá incorporar 112 resoluções do Mercosul, por algumas interferirem com a sua legislação interna, mas a justificação dada \”não pode ser motivo para que [as mesmas] não sejam incorporadas, porque quando há um acordo internacional que colide com a legislação interna, fazem-se reservas e a Venezuela não tem feito reservas\”.
Na semana passada, o ministro de Relações Exteriores do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, anunciou, também durante uma conferência de imprensa, que a Venezuela deixaria de \”ser membro com voto\” do Mercosul \”por não ter adotado toda a normativa do Mercosul\”.
A 13 de setembro último, os países fundadores do Mercosul – Argentina, Paraguai, Brasil e Uruguai, – instaram, através de uma declaração conjunta, a Venezuela a incorporar \”quase 300 normas\” para cumprir as suas obrigações como membro pleno do bloco.
A 29 de julho passado, o Uruguai terminou a presidência rotativa do Mercosul, altura em que a Venezuela começou a reclamar que lhe fosse transferido o cargo, por corresponder-lhe por ordem alfabética, no entanto o Brasil, Argentina e o Paraguai se opuseram.
Atualmente, o Mercosul é presidido conjuntamente pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
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