Apesar do temporal que atingiu o Distrito Federal no final de semana e chegou a alagar ruas, casas e um hospital, os reservatórios que abastecem a capital do país seguem em estado crítico. A última medição aponta o Descoberto – responsável por abastecer 61% da cidade – com volume útil de 19,55% da capacidade e Santa Maria, 40,78%. Na sexta, os índices eram 19,38% e 40,51%.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), só neste domingo caíram 33,4 mm de chuva. A quantidade é quase 11 vezes ao registrado nos dias anteriores e representa 14,45% de todo o esperado para o mês de novembro.
\”Existe uma tendência que o mês terá boas chuvas e, comparado com 2015, com certeza será melhor\”, afirmou o meteorologista Mamedes Luiz Melo.
As fortes chuvas que atingiram o DF entre a noite de sábado e a madrugada de domingo causaram alagamentos em diversos pontos. Segundo o Corpo de Bombeiros, a situação mais crítica aconteceu em Planaltina. No Arapoanga, uma casa foi interditada com por comprometimento na estrutura. A família que mora no local foi para a casa do pai do proprietário.
A Defesa Civil também fez inspeção nas casas do Residencial Sarandi, no bairro Estância Planaltina. Diversos imóveis ficaram alagados, mas não foi preciso interditar nem desocupar nenhum imóvel.
Outras regiões que tiveram inundações foram Vicente Pires, Paranoá, Guará, Ceilândia e Plano Piloto. Uma padaria ficou alagada na 207 Sul. Também na Asa Sul, as quadras 614 e 414 tiveram acúmulo de água e atrapalharam o trânsito.
De acordo com a Adasa, a situação hídrica do DF não se sujeita apenas à quantidade de chuvas. “Além da precipitação, isso depende da economia de água por parte da população, ou seja, do comportamento do cidadão ante a inédita situação de restrição de uso; da vazão dos rios afluentes; e da intensidade de evaporação.”
Crise hídrica
A bacia do Descoberto abastece cerca de 60% dos imóveis do DF, localizados principalmente em Ceilândia, Taguatinga, Vicente Pires, Águas Claras, Samambaia, Riacho Fundo, Recanto das Emas, Gama, Santa Maria, Núcleo Bandeirante, Park Way, Guará e Candangolândia.
O presidente da Caesb, Maurício Luduvice, disse que um possível racionamento ainda está em estudo, apesar da previsão de chuvas para toda esta semana. “Essa situação não se resolve de um dia para o outro. É uma sucessão de dias. O que se observa é que a situação se estabilizou e há uma leve tendência de melhora, mas precisamos de chuva em volume razoável e de forma continuada”, afirmou.
Luduvice disse já ter percebido uma mudança no comportamento dos consumidores. “Estamos notando uma redução no consumo na ordem de 9% quando se compara o período de agosto e outubro deste ano com o ano passado”, explicou. “Culturalmente fomos educados em uma linha de que o Brasil tem muita água. A gente tem que se habituar com a ideia de que é um bem finito.”
A situação de escassez deverá ser resolvida pelas obras nos sistemas do Bananal, Corumbá e Paranoá. A última envolve inclusive a captação de água do Lago Paranoá para uso dos consumidores. Ela ainda depende de liberação de recursos federais. Nas contas do governo, serão necessários R$ 460 milhões.
Plano de racionamento
O DF está autorizado a executar um programa de racionamento desde que o nível de um dos reservatório do Descoberto caiu abaixo de 20%. A Caesb disse que implantará a restrição quando considerar ser \”o momento mais oportuno\”.
\”Para isso, levará em consideração três fatores: o ritmo de queda dos reservatórios, as previsões de chuva para o Distrito Federal, e o nível de consumo de água pela população. Ao decidir pelo racionamento, a Caesb irá convocar os meios de comunicação para anunciar, detalhar e divulgar amplamente o plano a ser executado, dando oportunidade para que a população seja devidamente informada.\”
O plano de racionamento, com as medidas a serem adotadas em cada região do DF, deverá ser informado pela Caesb a cada semana, e informado à população com 24 horas de antecedência. A Adasa estabeleceu que o racionamento deverá ser aplicado por, no máximo, 24 horas seguidas em cada região.
\”A gente espera que isso seja suficiente mas, se houver um agravamento, naturalmente esse período pode ser ampliado. É bom ter em mente isso, que precisamos poupar e rezar para chover\”, diz o diretor-presidente da Adasa, Paulo Salles.
Entre as mudanças previstas, está a redução na pressão da rede de distribuição. Isso significa que a água chega mais fraca nas torneiras e nos chuveiros da capital. Em dias alternados, a Caesb também pode fazer um rodízio no fornecimento de água. A Adasa diz garantir que todos serão afetados igualmente, sem preferência para regiões ou faixas de consumo.
As primeiras portarias sobre o tema foram publicadas em julho e chamam esse estágio de \”estado de restrição\”. Uma resolução com as regras específicas do racionamento foi enviada pela Adasa ao Buriti nesta segunda e deve ser publicada no Diário Oficial desta terça.
A resolução da Adasa estabelece que o regime de racionamento \”perdurará pelo tempo necessário\”. Isso significa que, mesmo que o reservatório do Descoberto volte a encher, ficando acima dos 20%, não há prazo ou limite determinado para o fim \”oficial\” do racionamento.
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