Depois de estabelecer o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) do Brics, os países do grupo já acordaram sobre a criação de uma agência de classificação de risco para, segundo os proponentes, desafiar a hegemonia ocidental no mundo das finanças.
“Congratulamos os especialistas que analisam a possibilidade de criar uma agência de rating independente do Brics baseada em princípios orientados para o mercado, a fim de reforçar ainda mais a arquitetura da governança global”, lê-se na declaração conjunta emitida após a 8ª cúpula de líderes do Brics, em Goa, onde o primeiro-ministro indiano Narendra Modi recebeu os presidentes do Brasil, Michel Temer; da Rússia, Vladimir Putin; da China, Xi Jinping; e da África do Sul, Jacob Zuma.
“Acreditamos que a criação de instituições do Brics seja fundamental para nossa visão compartilhada de transformar a arquitetura financeira global baseando-se nos princípios de justiça e equidade”, diz o comunicado.
Apesar de a proposta ter sido incluída na declaração final de Goa, o memorando de cooperação para instituir a agência não foi oficialmente assinado. Segundo especialistas financeiros dos países do Brics, o estabelecimento da nova estrutura não será fácil e pode levar anos.
“Harmonizar a regulamentação é um desafio, pode levar dez anos ou até mais”, diz Aleksêi Ketchko, CEO do Sberbank na Índia. “Encontrar o modelo de negócios e a metodologia também são grandes questões.”
Contra o trio poderoso – Em discurso no fórum financeiro do Brics em Goa, o presidente do NBD, K.V. Kamath, apoiou a ideia criar uma agência independente. Segundo ele, as metodologias utilizadas pelas agências de rating globais restringem o crescimento em países emergentes e afetam, inclusive, a classificação de bancos multilaterais, como o NDB.
Especialistas em finanças e autoridades de países em desenvolvimento destacam com frequência que a metodologia utilizada pelas três principais agências globais – Standard & Poor, Moody’s e Fitch –, que hoje têm participação de mais de 90% na área de classificação de risco, apresenta falhas. Os países as culpam pelo alto custo de empréstimos. Em geral, as nações emergentes apresentam indicadores macroeconômicos fracos e classificação inferior a seus correspondentes ocidentais.
Para além dos Brics – A credibilidade da futura estrutura do Brics, no entanto, dependerá de parâmetros mais elevados para regulação e governança em nível de diretoria. Economistas consultados acreditam que os países deverão garantir não só a transparência nos negócios e na governança, mas autorizar que analistas independentes e profissionais da indústria financeira dos cinco membros gerenciem o órgão e assegurem que seus produtos e serviços não sejam distorcidos.
Analistas ressaltam que a estrutura do Brics poderá se tornar um instrumento de avaliação não só para os membros do grupo, mas para todos os mercados do Sudeste Asiático, América do Sul e África.
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