Morreu no fim desta manhã, aos 72 anos, Carlos Alberto Torres, capitão da Seleção Brasileira que trouxe o tricampeonato mundial para o Brasil em 1970 no México. Torres trabalhava como comentarista do canal de televisão fechada Sportv. Após sofrer um enfarto em casa, na Barra da Tijuca, ele chegou a ser levado ao Hospital Riomar, no Recreio, zona oeste do Rio de Janeiro, por volta das 11h30. A equipe médica tentou reanimá-lo, mas ele não resistiu. Sua última aparição no canal foi no último domingo (23), quando participou do programa Troca de Passes.
Carlos Alberto era reconhecido mundialmente como jogador e por sua capacidade de liderança das equipes pelas quais jogou e como treinador. Além do tri com a seleção ele também conquistou o Campeonato Brasileiro de 1983, pelo Flamengo, a Copa Conmebol, em 1993, pelo Botafogo, e o Campeonato Carioca pelo Fluminense, em 1984.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) divulgou nota de pesar pela morte do Capita, como era conhecido. O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, declarou luto oficial de três dias. As bandeiras da sede da entidade estão a meio-mastro e todas as partidas das competições organizadas pela CBF terão um minuto de silêncio.
“Aos 72 anos, Carlos Alberto Torres deixa um enorme legado de conquistas e colaboração intensa para o desenvolvimento do nosso futebol. Obrigado, Capita. Sua história estará para sempre entre nós”, diz a nota da confederação.
O velório será realizado no prédio da CBF, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro mas a confederação ainda não divulgou data e horário.
\”Enorme tristeza\” – A Federação Internacional de Futebol (Fifa) informou que recebeu com “enorme tristeza” a notícia da morte do ex-jogador. A capa do site oficial da federação estampa uma foto de Carlos Alberto segurando a taça da Copa do Mundo do México, e uma extensa reportagem com relatos e casos do ex-capitão da seleção brasileira.
“A imagem do jogador erguendo o famoso troféu no ar como se fosse a coisa mais natural do mundo se tornou um ícone. Vale a pena parar por um momento e considerar o que significou ser o capitão de uma seleção tão ricamente talentosa e o que representou de fato essa conquista”, destacou a Fifa em seu site.
Colegas lamentam – Zico, os companheiros do tri Gerson, Paulo César Caju e Clodoaldo, além do \”Maestro\” Júnior, Falcão e Felipão lamentaram a perda de Carlos Alberto.
“Foi o maior lateral de todos, porque o cara não era o jogador que hoje teria toda a liberdade para apoiar. Na época, eles seguravam mais. De qualquer maneira, ele chegava, apoiava. Era um cara muito difícil de ser driblado. Tinha um poder de marcação muito grande. Para mim, na Seleção de todos os tempos, ele é o lateral. Depois passou toda essa experiência quando foi para a zaga”, disse Zico ao canal Fox Sports.
Companheiro de Carlos Alberto na Seleção Brasileira campeã do mundo em 1970, o ex-meio-campista Gerson destacou a capacidade de liderança do Capita, que foi escolhido como capitão daquela equipe pelos próprios jogadores.
“Nós perdemos um companheiro excelente, um profissional da melhor qualidade e um amigo, acima de tudo. Ele tem a importância de um capitão de uma Seleção tricampeã do mundo, que hoje o mundo diz que foi a melhor seleção de todas as Copas. E ele não foi capitão porque a direção quis, fomos nós quem o elegemos. Ele para nós tinha uma importância capital, dentro e fora das quatro linhas. Ele era o cara, a liderança que ele tinha ninguém nunca mais vai ter. Todo mundo perde um pouco com a morte do Carlos Alberto”, declarou Gerson ao Sportv.
\”Nós somos uma família\” – Responsável por iniciar a jogada que terminou com o quarto gol do Brasil sobre a Itália na final da Copa do Mundo de 1970, marcado justamente por Carlos Alberto Torres, o ex-volante Clodoaldo relembrou o papel do Capita naquele grupo de jogadores que conquistou o tri.
“O grupo de 70 formou amigos, nós somos uma família. O Carlos Alberto era um irmão mais velho, dava bronca quando precisava, mas sempre queria o melhor para ele e para os companheiros. Carlos era meu companheiro de quarto. Ele me falava em 1970: ‘Vou levantar a taça de campeão, fica tranquilo, vamos dar esse título ao Brasil’. Ele sempre me dizia que o quarto gol contra a Itália começou com minha sequência de dribles e essa era a obra de arte daquele gol”, contou à ESPN Brasil.
Titular do meio de campo memorável da Seleção de 1982, Paulo Roberto Falcão foi outro ex-companheiro de Carlos Alberto a destacar sua relevância para o futebol mundial. Para o eterno Rei de Roma, o Capita tinha a habilidade de deixar os jogadores mais jovens sempre a vontade, exercendo sua liderança e experiência dentro e fora de campo.
“Foi com muita tristeza que soube da morte de Carlos Alberto Torres. Jogamos juntos, por pouco tempo, na Seleção Brasileira. Com a experiência e a liderança que lhe eram peculiares, sempre soube deixar os mais jovens à vontade. Figura de amizade fácil, Carlos Alberto Torres ficará para sempre na história do futebol mundial como um dos maiores de todos os tempos”, escreveu Falcão em comunicado oficial.
Companheiro do Capita dentro de campo e, posteriormente, comandado por ele, Júnior exaltou o pioneirismo do colega como treinador ao abolir a concentração e permitir que os jogadores passassem a noite anterior aos jogos em casa.
“Tive Carlos Alberto como um dos ídolos da minha infância e depois tive o privilégio de poder jogar ao lado dele e receber seus conselhos e suas orientações. Posteriormente, em 1983, fui campeão brasileiro comandado por ele no Flamengo, com algumas inovações, como quando ele acabou com a concentração. Ele dizia que nós tínhamos de ter responsabilidade, que ele não ia ficar de babá de ninguém, que os casados tinham de ir para casa dormir, cuidar do filho e da mulher para depois voltar com a cabeça boa para jogar. Isso mostrou toda a sua liderança e seu pioneirismo, porque naquela época todo mundo concentrava”, opinou o Maestro.
Técnico do pentacampeonato da Copa do Mundo, em 2002, Luiz Felipe Scolari divulgou um comunicado oficial lamentando a morte de Carlos Alberto Torres e dando força à família. “Nós da comissão técnica e atletas do Guangzhou queremos expressar nosso sentimento de pesar pelo falecimento de nosso grande capitão e amigo. Pêsames à família”, manifestou Felipão.
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