Loucura é um distúrbio mental que faz com que a pessoa acometida perca a razão. Ela não consegue diferenciar fantasia da realidade e em função disso pode perder o controle da própria vida, não conseguindo saber o que é adequado ou não socialmente. E por isso, pode sofrer um afastamento da sociedade.
Essa propensão se dá no início da vida. A criança nasce com a sensação de que é misturada com o mundo. Primeiro, é a fase simbiótica quando ela se vê como extensão da mãe. Nessa fase de desenvolvimento, também não se tem noção do seu corpo e do seu contorno. Por isso, é tão importante dar continência a uma criança, mostrar a delineação do seu corpo e do seu sentimento no mundo. Uma roupa quente a ajuda a ter noção do contorno que o seu corpo tem. A mãe, ao amamentar seu bebê olhando para ele dá a noção de um outro ser no mundo. O afago e o carinho dos cuidadores dão a segurança que suas necessidades afetivas serão atendidas, sinalizando que tudo ficará bem.
Ainda na fase de criança, também se começa a diferenciar a fantasia da realidade. Enquanto não diferenciam, costumam acordar assustadas quando sonham algo ruim. Para entenderem essa diferença, precisam contar com o apoio dos responsáveis, com os quais vão aprendendo a colocar tudo no seu lugar.
É por isso que a pesquisa pela loucura sempre se inicia na infância. As pessoas que têm propensão a um surto possivelmente viveram essa primeira fase de desenvolvimento de maneira fragilizada, não conseguindo formar um contorno apropriado a seu equilíbrio de vida. E o seu canal de discernimento possivelmente foi prejudicado quando criança. Em muitos casos, isto é revelado só quando a pessoa já é adulta.
A loucura então é essa ruptura. Tudo fica misturado. Fantasias e realidades andam juntas e a pessoa age conforme esse mundo unificado. O uso de drogas podem intensificar esses casos. Essa é uma explicação genuína da loucura. Muitas outras abordagens e leituras podem ser encontradas para explicar essa alteração mental. Algumas teorias responsabilizam os pais por isso. É lógico que é importante que os pais saibam a sua responsabilidade em todas as fases de desenvolvimento dos seus filhos, mas eu acredito que os pais dão aquilo que têm. Não adianta procurar culpados.
O tratamento da loucura vai depender de cada caso e os diagnósticos são variáveis. Em geral é indicado psicoterapia específica e assistência medicamentosa. Uma orientação familiar especializada em situações como essa é imprescindível. Eu tive a honra de passar quatro meses da minha vida inserida numa clínica psiquiátrica na França, chamada Clinique de La Borde. E pude chegar a uma conclusão sobre eles. Se eles são insensíveis? Não. A loucura deles é por serem sensíveis demais e verem coisas no mundo que queremos negar para nós mesmos.
(*) Psicóloga, psicodramatista, neuropsicóloga, terapeuta sexual, especialista em EMDR, brainspotting e palestrante.
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