Após se reunir com a presidente afastada, Dilma Rousseff, e prestes a se encontrar com o presidente interino, Michel Temer, ainda hoje, o presidente do Senado, Renan Calheiros, disse nesta sexta-feira (19) que considera positiva uma participação mais direta do PSDB no atual governo e que o PMDB, seu partido, tem experiência para não deixar que a relação com os tucanos repita a “relação periférica” que teve com o PT no governo anterior.
Ao deixar o Palácio da Alvorada, Renan falou com a imprensa logo após a reunião que teve com Dilma. Segundo ele, a conversa com a petista foi “institucional” e, como sempre, “muito boa e agradável”. O senador não entrou em detalhes sobre os temas abordados ao longo de quase duas horas de reunião, mas disse que \”do ponto de vista pessoal [Dilma] está muito bem e animada”.
“Não tratamos nada específico. Eu fiz uma avaliação sobre como enxergo a conjuntura. A presidenta, da mesma forma [fez sua avaliação]. Essa avaliação dos dois lados tem de se encerrar na própria conversa, e não pode ser revelada\”, disse ele.
Roteiro do impeachment – Renan contou que explicou à presidente afastada o roteiro que foi estabelecido para a sessão que irá julga-la a partir do dia 25. “Ela vai comparecer. Fez questão de dizer isso, e disse que ficará à disposição para responder qualquer pergunta. Conversamos sobre a duração do processo e do próprio julgamento e sobre a participação dela no processo”, acrescentou.
O presidente do Senado tem marcada, em São Paulo, uma reunião com Michel Temer, a equipe econômica, e com os líderes do governo na Câmara e no Senado. A expectativa é de que, entre os assuntos a serem conversados com Temer, esteja a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Desvinculação das Receitas da União (DRU).
“Vou participar dessa reunião na condição de presidente do Senado. Certamente nós vamos tratar dessas coisas [DRU] na conversa que teremos logo mais em São Paulo. Eu, mais do que nunca, entendo que precisamos ter uma agenda econômica suprapartidária no Brasil. E essa agenda, num momento de crise fiscal, tem de ser priorizada”, disse Renan.
Ele reiterou que não tem, até o momento, uma posição sobre se votará ou como votará durante a sessão que poderá resultar no afastamento definitivo de Dilma. “Tenho conduzido o processo com isenção, responsabilidade e equilíbrio. É exatamente isso que me impede de declarar o que vou fazer e o que não vou fazer no dia de julgamento”, disse ele.
“Eu já disse que não votaria na admissibilidade, na pronúncia, e que pretendia não votar no julgamento. Estou em pleno processo de decisão. Procurei estar em todos momentos com isenção e responsabilidade, como presidente de uma casa que tem democrática divergência”, completou.