Os policiais civis do Distrito Federal decidiram em assembleia nesta quinta-feira (18) que carros da corporação com qualquer tipo problema serão entregues para manutenção. A reunião da categoria aconteceu em frente ao Palácio Buriti, no Eixo Monumental. Os agentes pedem a equiparação de salários e benefícios com a Polícia Federal.
O presidente do Sindicato dos Policiais Civis, Rodrigo Franco, disse que os veículos da Polícia Civil com peças quebradas, pneus carecas, com problemas de manutenção, que estavam sendo usados pelos agentes, sairão em carreata na semana que vem e levados para a sede da manutenção da polícia.
\”Nós vamos fazer uma carreata depois entregar cerca de 500 carros da Polícia Civil que estão com problemas diversos para a manutenção. Nós não vamos trabalhar com esse tipo de veículo porque eles colocam em risco a nossa segurança.\”
Os agentes decidiram que a operação- padrão será mantida em todas as delegacias. Na prática, os registros de ocorrências serão feitos normalmente, mas as investigações e análises ficam prejudicadas com o procedimento.
A assembleia marcada às 14h teve início às 15h50. Franco começou discursando sobre os aumentos dados pelo governo para outras categorias, deixando de fora a Polícia Civil. O sindicato informou que cerca de 4 mil agentes participaram da assembleia desta quinta.
Ele afirmou que somente 85% dos chefes de sessões deixaram os cargos, decisão tomada em assembleia realizada em 11 de agosto. O presidente pediu para que os outros funcionários com cargos de chefia na corporação deixem os postos.
Outros agentes subiram ao carro de som para formular propostas para a votação da categoria. Entre as sugestões, estavam a paralisação em dias específicos, carreata com todas as viaturas da corporação, greve geral dos agentes e entrega das armas. Todas foram rejeitadas.
Na votação, a categoria aprovou as seguintes ações:
– Notificar o GDF para que publique todas as exoneracoes de cargos de chefia no Diário Oficial do DF;
– Enviar para manutenção todas as viaturas com problemas e mandar para o Tribunal de Contas do DF um relatório mostrando o que eles classificam como sucateamento da Polícia Civil;
– Reunir agentes para ir ao Congresso Nacional para buscar apoio da bancada de deputados do DF;
– Buscar apoio do Ministério Público do DF e TCDF;
– Incluir na operação-padrão que as mortes por causas naturais fiquem aos cuidados da Secretaria de Saúde do DF;
– Somente os delegados poderão homologarar ocorrências nas delegacias;
– Encaminhar todas as ocorrências no despacho ao delegado-chefe;
– Os agentes somente realizarão as funções de origem e deixam os trabalhos de cargos comissionados;
– Ficam impedidos de realizar relatórios de importação de dados sigilosos e outros tipos de documentos de análise;
– Não assinar boletim de ocorrência de outras forças, como Polícia Militar e Federal;
– Encaminhar toda droga que chegar como crime em flagrante para exame preliminar, para analisar se é entorpecente ou não. Começar os trabalhos após o laudo positivo.
– As pendências que chegarem às delegacias devem ser passados aos chefes. Na ausência de um superior, devem ser enviadas à coordenação da Polícia Civil.
– O Instituto de Identificação vai fazer somente o atendimento dos internautas que fizerem agendamento por via eletrônica, como confecção de identidade;
– Os registros de agressão por Lei Maria da Penha só serão feitos após laudo do IML;
Na última quarta (3), policiais civis aprovaram em assembleia uma paralisação geral de 48 horas válida a partir das 8h do dia seguinte. O período incluiu a estreia de Brasília como subsede da Olimpíada Rio 2016. Segundo o sindicato, o movimento tinha adesão de delegados e agentes de investigação.
No mesmo dia (3), o GDF anunciou a retirada de uma proposta de reajuste salarial feita a policiais civis, que previa aumentos escalonados até 2018. Por conta da paralisação, agentes “abandonaram” na quinta (4) a segurança nos hotéis onde estavam hospedadas as seleções do Iraque, Dinamarca e África do Sul. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, eles foram substituídos por policiais militares. A segurança do hotel da Seleção Brasileira já era de responsabilidade da PM.
No dia estreia da Olímpiada no DF, os policiais civis fizeram uma passeata para protestar por aumento salarial. O ato aconteceu a menos de 400 metros do estádio Mané Garrincha, dentro do perímetro de segurança da arena. A manifestação começou às 14h15, quando Iraque e Dinamarca abriam as disputas de futebol masculino na arena. Até as 15h30, meia hora antes do início de Brasil x Iraque, o ato era mantido no local e terminou às 16h10.
Na sexta (5), o chefe da Casa Civil do DF, Sérgio Sampaio, afirmou que o governo não negociaria salários e reajustes durante a paralisação. Ao G1, o político afirmou que, se a proposta do sindicato fosse acatada, o governo precisaria desembolsar R$ 450 milhões a mais por ano para honrar os salários.
Os policiais retomaram os postos de trabalho às 8h de sábado (6), após 48 horas de paralisação por melhores salários. Segundo a direção da Polícia Civil, a escolta das delegações internacionais que estavam em Brasília para a Olimpíada e o atendimento nas delegacias foram restabelecidos e aconteciam normalmente.
Na segunda (8), a categoria fez nova assembleia e deu continuidade à operação-padrão, sem aprovar novas paralisações gerais. Durante caminhada, policiais gritaram palavras de ordem como \”polícia unida jamais será vencida\” e \”faca na caveira, e nada na carteira\” – bordão utilizado no filme \”Tropa de Elite\”. Apitos e rojões também foram usados no trajeto.
Após a assembleia, os policiais civis caminharam até o Palácio do Planalto, sede do governo do presidente em exercício Michel Temer. Três faixas do Eixo Monumental estavam isoladas para os policiais, que invadiram as outras três e bloquearam todo o trânsito no sentido rodoviária-Congresso.
Em 11 de agosto, os agentes decidiram manter a operação-padrão iniciada em julho até a última segunda (15). A data marcava a reunião de dirigentes sindicais com o governo, para discutir uma pauta de reivindicações que inclui equiparação de salários e benefícios com a Polícia Federal. Não houve acordo entre categoria e GDF.
No dia seguinte, Delegados formularam uma \”carta de intenções\” para entregar os cargos de chefia da corporação. A decisão foi tomada em resposta a declarações do governador Rodrigo Rollemberg, que disse não ter condições de conceder o reajuste salarial pedido pela categoria. Os policiais civis lutam por equiparação com a Polícia Federal. Ao todo, são 1070 postos comissionados ocupados por membros da corporação.
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