Certa vez, uma afilhada, ainda criança, perguntou ao professor Elicio Pontes: “o que é mesmo que você ensina lá na UnB?\”. Com seu vozeirão, ele respondeu: \”Catatinha, eu ensino o amooooor!!\”. Este era o jeito dele dizer que era um educador formando novos educadores.
Foi esse homem apaixonado pela Educação, pela UnB, por Brasília, por seus filhos André e Elisa, e pela namorada Olívia Maia que a cidade perdeu na última segunda-feira (25/4). Elicio Pontes passou mal no domingo à noite, foi internado na manhã seguinte e poucas horas depois não resistiu a uma violenta hemorragia de causas ainda desconhecidas.
O Elicio que virou Saudade nasceu em Nova Russas, Ceará, em 1941. Em Crateús, para onde se mudou aos cinco anos, escutava cantadores e poetas populares na feira da cidade. À noite, lia romances de cordel para ouvintes e não leitores; ganhava aplausos (e, às vezes, algumas moedas).
Aos 13 anos, mudou-se para Fortaleza, onde mais tarde tornou-se jornalista e radialista. Formou-se em Pedagogia pela UFC. Era mestre em Educação pela USC, de Los Angeles (EUA); e doutor pela Uned de Madri (Espanha).
Foi professor da Universidade de Brasília por quatro décadas e um dos fundadores da ADUnB (Associação dos Docentes). Publicou quatro livros de poesias – Corpos Terrestre, Corpos Celestes (2001), Os Olhos do Tempo (2009), Metade de Mim é Verso (2011) e Eterno Finito (2014).
Participava ativamente da vida cultural da cidade em saraus e eventos literários. Desenvolveu e aplicou com a escritora Olivia Maria Maia o Projeto “Ler e Escrever: Alegria e Prazer”, para adolescentes carentes da região do Varjão.
Elicio, de muitos poemas. Elicio de muitas lutas. Perdeu sua última batalha na segunda-feira, às 17h07, para a senhora suprema – morte. O sepultamento ocorrerá nesta quarta-feira (28/4) à tarde, no cemitério Campo da Esperança.