Apesar do investimento de R$ 761 milhões, falta muito para que a estrutura do Bus Rapid Transport (BRT) no Distrito Federal esteja completa e funcione como previsto no projeto inicial. O Expresso DF, como foi batizado o sistema, tinha como objetivo atender 150 mil passageiros por hora. Atualmente, esse número chega a 37 mil por dia. A Secretaria de Mobilidade da capital prevê ajustes e ampliação desse transporte, mas as adequações podem custar, pelo menos, mais R$ 230 milhões aos cofres públicos.
Uma das falhas que mais chamam a atenção de quem usa o sistema ou passa de carro pela Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia) são as estações inutilizadas. Cada uma delas custou R$ 2,2 milhões aos cofres públicos. Das oito construídas, quatro estão abandonadas. Outra, na altura da Candangolândia, é considerada inacabada por parte da Secretaria de Mobilidade. Tanto nela quanto na estação Vargem Bonita, as estruturas acabaram vandalizadas. Grades e vidros se encontram quebrados. Os tapumes da primeira, que antes protegiam o lugar, foram retirados. A entrada no local, assim como os atos de vandalismo, são facilitados pela ausência de seguranças ou de câmeras de vigilância. Em uma das salas é possível ver os cabeamentos do sistema ainda não instalados.
A situação se repete em Vargem Bonita, no Park Way. As grades do local estão retorcidas e os vidros, quebrados. Em uma das salas, originalmente destinada ao acesso de funcionários, há um vazamento de água. A usuária do Expresso DF Lorena Alves, 19 anos, reclama da falta de utilização do espaço. Ela sai de Santa Maria e trabalha na Quadra 7 do Park Way, como secretária. O terminal Vargem Bonita atenderia a jovem, mas ela precisa descer na estação seguinte e andar cerca de 2km até o outro ponto.
“Faço o percurso de volta a pé. Essa situação é um total descaso com o dinheiro público. Poderiam, pelo menos, colocar um segurança para evitar a depredação”, detalhou. Ao passar pela passarela de acesso à estação Vargem Bonita, Josivaldo Francisco Nascimento, 26, também costuma observar o estado de abandono do local. “É lamentável ver que o nosso dinheiro está sendo desperdiçado dessa forma. A estrutura toda pronta e não colocam para funcionar logo. A população poderia usar isso, mas o que vemos hoje é essa destruição”, aponta.
Pela metade
O secretário de mobilidade do DF, Marcos Dantas, afirma que a localização das estações é um problema e que algumas não deveriam existir, pois não há demanda que justifique a construção. Ainda assim, o governo tem planos para que os pontos funcionem. “Vamos contratar vigilância e serviço de limpeza para fazer alguns ajustes, como cuidar da pintura e da luz. A ideia é colocar todos para operar, especialmente aqueles da região do Park Way, onde há uma demanda maior, ainda no segundo semestre deste ano.”
O abandono de estações, entre outros problemas, é apontado por Marcos Dantas como herança da forma como o governo anterior executou as obras. “Existem muitos erros de projeto. Um deles é a concepção do terminal de Santa Maria. Nós vamos redesenhá-lo para dar mais conforto à população.” O secretário adjunto, Fábio Ney Damasceno, explica que a adequação exige uma reforma dos locais.