BC- O senhor foi vítima, semana passada, de uma possível armação em que pessoas aparentemente trocava mensagens com uma diretora da Terracap combinando a cobrança de propinas que inclusive seriam distribuídas para outras pessoas do governo e de seu partido, o PSB. Que providências foram tomadas para provar sua inocência?
Navarro – Prestamos queix- crime junto ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios e encaminhamos uma solicitação de abertura de processo criminal investigatório junto às Polícias Federal e Civil. Também autorizamos a quebra do sigilo telefônico e bancário meu e da Fabiana Torquato, que é diretora de Regularização Rural da empresa.
BC – Já foi dado o primeiro passo nessas investigações?
Navarro – O processo instrutório investigatório começou na terça-feira (29), quando eu e Fabiana nos apresentamos ao Doutor Fernando Farias para prestar depoimento. Mas desde a quinta-feira (24) da semana passada, quando a suposta denúncia foi publicada no site Notibras, elencamos várias situações. Uma delas a fraude – grosseira por sinal –, uma armação primária, colegial! E estamos identificando as motivações que estão por trás disso, porque uma coisa é fato: durante minha administração acabamos o balcão de negócios na Terracap.
BC- O que estaria motivando esse grupo a agir dessa maneira?
Navarro – Simples: são Interesses contrariados. A Terracap não é mais um balcão de negócios. Nós temos regras, fórmulas. Em todas as reuniões há uma ata e é divulgada uma lista na internet com nomes dos participantes. E todos os técnicos de áreas relacionadas ao tema são convocados para discutir. Não há mais diálogos escondidos.
BC- Vocês já têm ideia de quem seriam essas pessoas?
Navarro – Eu ouvi da Policia Civil e do Ministério Público que há indícios da participação de pessoas do governo. Mas, por enquanto, só indícios. Em breve essas pessoas serão identificados.
BC- Seriam pessoas importantes, como empresários ou políticos, por exemplo?
Navarro – Algumas são conhecidas e outras se filiaram a essa organização criminosa.
BC – Quem seriam esses novatos?
Navarro – Prefiro não divulgar nomes, por enquanto, até para não atrapalhar o processo investigatório.
BC- Qual o papel de cada um deles nessa “organização criminosa”?
Navarro – São pessoas que fazem parte do governo ou que participaram de governos anteriores. Gente que sempre usou o poder para se locupletar.
BC – Tem gente da própria Terracap?
Navarro – Muitas pessoas cogitam isso. Eu acho pouco crível que, para conseguir fazer aquelas montagens, não tenha participação de alguém da Terracap. Não foi na minha sala, não foi na sala ao lado. Porém, creio que tenha sido, sim, na sede da Terracap.
BC – Mas, inicialmente, tudo indicava que as imagens tivessem sido feitas na antessala de seu gabinete…
Navarro – É verdade. No entanto, os peritos da Polícia Civil estiveram hoje (quinta-feira, 1º) no local, e após as fotos compravam que há duas ranhuras enormes na mesa onde posicionaram o aparelho telefônico, e elas constariam nas imagens divulgadas. Então não foi na antessala que captaram essas imagens.
BC- E esse laudo da perícia foi emitido imediatamente?
Navarro – Não é um laudo. É apenas um estudo técnico, especializado. É bom que seja bem detalhado, para se evitar quaisquer questionamentos. O que ficou claro é que definitivamente não é a minha sala nem a antessala, pois as características não são as mesmas. A mesa não é redonda nem tem as cortinas ao fundo, porque onde estava plantado o telefone há uma ranhura grande. Já na foto captada pelos peritos essa ranhura não aparece.
BC- Por causa desse suposto escândalo o senhor teve que percorrer algumas instâncias do governo e até de correligionários para esclarecer o problema. Qual foi a impressão de seus aliados após o senhor apresentar sua versão?
Navarro – As pessoas que me conhecem, meus amigos, familiares e os que trabalham comigo imediatamente manifestaram descrença absoluta nessa farsa grotesca. Todo mundo sabe que sou probo, honesto. E que sempre combati a corrupção no serviço público.
BC – O senhor acredita que a Terracap possa sair fortalecida dessa crise?
Navarro – Existe um processo antigo de parceria, de simbiose entre interesses privados e interesses não católicos, não republicanos. É um período histórico. Não é nem de ‘a’ nem de ‘b’. Agora esse momento acabou. O governador pediu e eu faço isso, porque ele conhece minha história, para começarmos a quebrar esses feudos dos donos do poder. Não tem mais isso. Caso o processo seja legalmente resolvível, e você pode legalmente resolver de várias formas, o faremos. Se não, não há solução de se fazer isso. Caso exista algum feudo, um esqueleto encravado, vamos enfrentá-lo. Não há problema nenhum, será importante para as pessoas verem que a cidade mudou. O governo Rollemberg está mudando a cidade. As atitudes que o governador está tomando, e que eu também estou tomando, estão causando irritação. Estão incomodando muitas pessoas. As coisas mudaram muito. E continuaremos mudando. Queiram ou não queiram.
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