João Bosco Borba (*)
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A relação sino-brasileira completou quarenta anos em 2014. Nos últimos anos, as relações governamentais e empresariais entre Brasil e China propiciaram um grande crescimento do comercio bilateral, gerando fortes investimentos de ambas as partes. Brasil e China firmaram, na terça-feira (19), em Brasília, acordos que chegam a mais de 53 bilhões de dólares, conforme anunciou a presidente Dilma Rousseff e o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang.
Os acordos foram nas áreas de energia elétrica, mineração, infraestrutura e manufaturas, além do financiamento da linha ferroviária que irá da costa brasileira no oceano Atlântico até a costa peruana, no Pacífico. Ficou estabelecido, ainda, um acordo de US$ 5 bilhões com o Banco de Desenvolvimento da China (CDB) para a Petrobras.
A mineradora Vale fechou um financiamento da compra de dez navios de minério de ferro de 400 mil toneladas com o Grupo China Merchants e a Césio no valor de US$ 4 bilhões. Assinou também um memorando para compra de quatro navios da classe carregadores de minério de grande porte, com a chinesa Cosco, e mais seis acordos com objetivo de futuras aquisições de navios para o transporte de minério de ferro.
O acordo entre a Caixa Econômica e o Banco Industrial e Comercial da China criará um fundo de US$ 50 bilhões para infraestrutura. A Embraer venderá 22 aviões regionais a uma companhia aérea chinesa, em um negócio de US$ 1,1 bilhão.
Após este resumo do que foi acordado entre Brasil e China, valem as perguntas: o que tem de novo nesta relação bilateral, na qual, desde 2009, a China é a principal parceira comercial brasileira e, a partir de 2013, o Brasil se tornou a oitavo sócio comercial dos chineses e o primeiro entre os membros do Brics.
Podemos dizer que a visita dos chineses ativou a operação “ganha-ganha”. A China, que compra 52% das comodites brasileiras, passa por uma mudança de postura em relação ao Brasil. Ela não quer ser apenas a importadora das comodites brasileiras, e sim, direcionar seu fluxo de investimentos para projetos no Brasil.
A maioria dos 154 empresários que estiveram no Brasil é oriunda da iniciativa privada e tem interesse de estabelecer parcerias nas áreas de agronegócio, energia, infraestrutura e meio ambiente, nas quais a economia chinesa já desenvolve uma cadeia produtiva globalizada, com forte agregação de valores na sua pauta de exportação de manufaturados para o mundo. Essa parceria é também a porta de entrada dos chineses para o Mercosul.
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O Brasil necessita urgentemente desenvolver a sua infraestrutura, e a injeção de US$ 53 bilhões na economia trará um novo inicio para resolvermos este problema, que é o “calcanhar de Aquiles” para o nosso desenvolvimento e a nossa infraestutura.
Os Chineses estão antecipando a colheita com o Brasil, onde investem primeiro para ter dividendos depois. Já o Brasil colhe primeiro, estruturando a sua rede de necessidades na infraestrutura, dando salto de qualidade para o seu desenvolvimento e tornando-se mais competitivo para o mercado globalizado
(*) Presidente da Associação Nacional de Empresários e Empreendedores Afro-Brasileiros (Anceabra)