Embaixada do Iraque no Brasil conseguiu um apartamento para abrigá-los temporariamente.
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A televisão ligada no canal de notícias escancara o horror da guerra na terra natal, o Iraque. Na tela, as cenas de explosões e ofensivas militares reproduzem aquilo que Hasan Qasim Hassoon, 33 anos, e mais cinco conterrâneos assistiram a poucos metros deles, nos últimos meses. O grupo deixou a cidade de Sinjar por serem curdos, minoria social e religiosa no país. Lá, eram perseguidos políticos. Para fugir da morte, eles cruzaram fronteiras do Iraque, da Turquia e do Brasil. Tentavam chegar à Alemanha pela Argentina, mas os passaportes albaneses ilegais — descobertos no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek — interromperam a travessia.
O grupo foi preso em flagrante, em março deste ano. Tão logo conseguiram explicar aos defensores públicos a trajetória — a comunicação é difícil, pois somente um deles fala inglês —, tornou-se evidente a situação de insegurança em que estavam. No grupo, estão três irmãs, um sobrinho, Hasan e a irmã. Todos ficaram quatro dias na carceragem da Polícia Federal até que a Embaixada do Iraque no Brasil conseguisse um apartamento para abrigá-los temporariamente, no Sudoeste. Seria o primeiro teto sem ameaça de bomba em que dormiriam, depois de dias de fuga. “Passamos uma semana sem comer nem beber água, escondidos nas montanhas”, relembra Hasan. O Estado Islâmico ocupa o território iraquiano e destrói tudo por onde passa. “Nossa cidade acabou. Ela era linda, tinha prédios e construções bonitas. Acabou tudo. Por fim, vivíamos em campos de refugiados”, conta o homem.
Ele quer desesperadamente reencontrar a mulher e os dois filhos, que estão na Alemanha. “Não os vejo há oito meses. Minha esposa foi com eles primeiro. Estou preocupado porque meu filho tem paralisia cerebral e minha bebê é muito pequena ainda”, revela, emocionado. Os demais companheiros também têm vínculos na Europa. “Temos irmãos e irmãs, sobrinhos e cunhados na Holanda e na Suíça. Queremos uma vida nova”, diz. A situação dos imigrantes é delicada, uma vez que foi aberto um processo criminal em razão dos passaportes ilegais. Por isso, a concessão de refúgio é fundamental na defesa deles. “A legislação internacional determina que, quando o processo criminal é ligado ao refúgio, ele deve ser suspenso”, explica a defensora pública Manoela Maia. “A decisão agora cabe ao Conselho Nacional para Refugiados (Conare)”, destaca.
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