Depois de meses de uma disputa interna com o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), a presidente Dilma Rousseff confirmou nesta quarta-feira o convite ao ex-presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para assumir o Ministério do Turismo.
O peemedebista havia recebido garantias no ano passado de que passaria a integrar o primeiro escalão do governo se não fosse um dos políticos a responder inquérito por envolvimento na Operação Lava Jato. No início de março, a Procuradoria-Geral da República pediu o arquivamento do caso do potiguar por avaliar que as menções encontradas eram frágeis. Mas, nos bastidores, o impasse permanecia porque Renan não aceitava ter de retirar o apadrinhado político Vinicius Lages da pasta.
Desde que perdeu a influência na Transpetro, subsidiária da Petrobras, após o também apadrinhado Sergio Machado – citado como beneficiário de 500.000 reais em propina do petrolão – ter deixado o cargo, Renan Calheiros pressionava para alocar Lages em um posto relevante no governo. O novo articulador político do governo, o vice Michel Temer, chegou a sugerir que o agora ministro demissionário do Turismo fosse transferido para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O destino de Vinicius Lages no governo ainda está em aberto.
Para conseguir ser nomeado como ministro, Henrique Alves se aliou ao presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ao ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC) Eliseu Padilha. Com a resistência de Renan, a presidente Dilma Rousseff teve de optar se desagradaria Calheiros ou Cunha. Os dois são investigados por suspeitas de terem recebido propina do escândalo do petrolão e, desde a abertura dos inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o caso, têm elevado o tom das críticas ao governo e ameaçado barrar projetos de interesse do governo e aprovar temas controversos para o Executivo.