Sei que não tenho culpa se algumas pessoas, de tão falhas, não conseguem corresponder o melhor delas que há em mim.
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E aprendi cedo que ao nosso lado permanece quem o faz por merecer. E que junto à gente só fica quem, diante de todas as outras tentações em ir, FICA.
A receita é essa e é esse o caminho.
Mas, espere aí, eu preciso mesmo falar: Dói. Ser magoado dói.
Se quiser sair, vá! Mas sem fazer estrago, sem fazer bagunça, porque o nosso sentimento não tem culpa em não ser correspondido.
Que bom seria se as pessoas pudessem viver o que deixam em nós. Primeiro, porque saberiam o valor que a gente dá, e quão grande e especial podem ser enquanto permanecem aqui. Assim, talvez, saberiam melhor sobre o valor de si mesmas, e não desceriam a tão pouco.
Depois, porque ao nos magoar, sentiriam todo o amargo que é ter que destruir o que não quer ficar dentro de ti. Sentir nosso coração pulsando rápido de tão comprimido. Nosso estômago revirando, como se quisesse pular pra fora só pra te dar um novo motivo a perseguir. Ficar ouvindo todo o estraçalhar que faz uma dor que se espalha, todo o martelar que tritura um coração ferido.
Mas não.
As pessoas ignoram que são elas que perdem quando não sabem ponderar a forma pela qual nos deixam.
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Tudo é tão simples. Tão fácil. Basta ser verdadeiro. Basta ser leal.
Não se sacaneia o sentimento alheio. Toda essa covardia, pra que?
Eu fico, assim, pensando: a gente nunca sabe o que perde, quando não sabe valorizar o que tem. Algumas pessoas nunca vão saber.
Perder amigos e amores dói. Ser obrigados a matá-los em nós, nos crucifica.
Portanto, se quer ir, que vá. Mas, sem barulho. Sem estardalhaço. Não me obrigue a passar a odiar tudo o de bom (de você) que guardo em mim.
Texto original: “Da Amizade e do Amor”, na obra Dentro de um Segundo, em lançamento no primeiro semestre de 2.015, pela Chiado Editora.