Vai doer. Ele vai chegar na sua vida no entardecer da hora, perturbando todas as suas certezas, despertando suas fantasias, renovando suas esperanças. E quando você se encher de promessas, irá saber: não há nenhuma garantia para se apegar.
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Ele irá alimentar os melhores sonhos, as maiores expectativas, e quando os teus planos se esquecerem do desconforto e da insegurança do seu coração, a realidade irá dizer: os destinos se cruzam sem dizer até qual ponto juntos irão caminhar.
E um dia ele vai embora, como se estivesse em cima da hora, como se qualquer segundo a mais fosse demora. E, então, irá perceber que a casa estará vazia pelo eco das dúvidas que gritarão, mas que ele não estará mais lá para você perguntar.
Claro que vai doer. Impossível contestar.
Falar de amor sem dor requer uma aceitação prévia que não poderá nos escapar: amar dói e, se não estiver disposto a sentir, melhor não se aventurar. O amor é um prato cheio paras as sensações doloridas. Está na sua natureza. Ele estilhaça para sair. Perfura para entrar.
Mas se você aprender a dialogar com o seu coração, vai saber que nem toda dor é a caminho do sofrimento. Que nem tudo que partiu precisa ser tormento. Que nem tudo que não ficou precisa te fazer chorar. A vantagem da dor é que ela arquiteta qualquer construção, você é quem decide se a edifica, ou se prefere se afundar.
Falar de amor sem dor não é uma irracionalidade. Mas é fazer pulsar o coração. É perceber que, com sabedoria, nenhuma dor retira a ousadia de se entregar ao que te faz sorrir, sem ter medo de enfrentar o que assombra a emoção.
Amar dói, confesso. Por vezes, frustra. Até machuca, rasga todas as ilusões. Mas, a outra opção é deixar de se render. A outra opção é não viver por se negar.
Vai por mim, dor de amor a gente cura. Mas nada substitui a oportunidade de amar.