O fim de ano foi de pouco luxo e muito lixo nas ruas do DF. A greve dos garis completou sete dias na sexta-feira (26). Os 30% do efetivo que estão trabalhando adotaram uma espécie de “operação tartaruga”, e não estão recolhendo o lixo, como normalmente fazem. “A categoria está toda em greve. A gente só está trabalhando por causa da lei”, afirmou, na manhã de sexta-feira, um gari, que preferiu não se identificar. “Aqui ninguém fura greve não”, completou um colega que também tomava um café em um posto de gasolina em Águas Claras. A reportagem do Brasília Capital flagrou o caminhão de lixo passando, mas, da montanha de lixo que se acumula nos edifícios da cidade, levavam apenas dois ou três sacos.
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Os garis são funcionários contratados pelas empresas Valor Ambiental e Sustentare e prestam serviços ao GDF. A paralisação é por conta do não pagamento da segunda parcela do 13º salário. De acordo com o Sindicato dos Funcionários Terceirizados de Limpeza Urbana (Sindlurb), os garis recebem em média R$ 873,60.
Ainda mais grave está a situação dos hospitais públicos. O lixo está acumulado tanto dentro quanto fora das unidades. São os funcionários da empresa Ipanema que estão parados. Eles prestam serviço de limpeza nas instituições de saúde. A empresa afirma que não recebeu o recurso do GDF e, por isso, não repassou aos funcionários. Em nota, a Secretaria de Saúde do DF informou que já fez a transferência do dinheiro à empresa. No entanto, a empresa ainda não tinha repassado o pagamento aos funcionários.
No Hospital Regional de Taguatinga (HRT), o lixo está amontoado nos corredores e o mau cheiro está impraticável. Funcionários da unidade fizeram um vídeo que mostra sacos de lixo se aglomerando até o teto, inclusive no Centro Cirúrgico. Os acompanhantes dos pacientes estão se revezando na limpeza da internação. Maria Elizabeth conta que, devido à sujeira, está levando os materiais e limpando o quarto onde o irmão Bernardo está internado. “Ele fez uma cirurgia. Não pode ficar no meio do lixo”, disse.
Protestos
Além dos transtornos causados pelo lixo, o atraso nos pagamentos ainda acarreta em protestos que, muitas vezes, param a cidade. No dia 22 de dezembro, funcionários de creches fecharam o Eixo Monumental em frente ao Palácio do Buriti. Na segunda-feira (29), caso o pagamento não seja efetuado, os garis prometem outra grande manifestação.
Promessa
Estima-se que 216 mil funcionários — entre ativos, inativos e pensionistas — está sem receber salários e benefícios. O governo aprovou na terça-feira (24) o remanejamento de cerca de R$ 1 bilhão para quitar as dívidas com o funcionalismo público. O secretário de Administração Pública, Wilmar Lacerda, afirmou que todos os salários serão pagos até 30 de dezembro.