O Dia da Criança no Brasil foi inventado há 89 anos por um deputado federal chamado Galdino do Vale Filho. Ele escolheu 12 de outubro como referência no calendário, mas só se tornaria realidade após a sanção do presidente Arthur Bernardes, no dia 5 de novembro de 1924. Até aí tudo bem. Afinal, tratava-se de lembrar, pelo menos uma vez por ano, das meninas e meninos deste recanto no mapa que o célebre escritor austríaco Stefan Zweig previu, na década de 1940, como o País do Futuro, o que, infelizmente ainda não se concretizou.
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Na semana que antecedeu ao domingo da significativa data, resolvi dar uma conferida no programa televisivo preferido de minha netinha Maria Luíza, de cinco anos. Durante quase uma hora, ela não desgrudou os olhos do vídeo, vibrando com a violência dos super heróis alienígenas, dando porrada a torto e a direito, inclusive empunhando metralhadoras automáticas que eliminam inimigos com uma só rajada.
Ao contrário da vibração da Marilu, confesso que fiquei encagaçado com tanta violência explícita. E aí me perguntei: comemorar o quê no Dia da Criança brasileira, imobilizada diante de um televisor, não apenas num domingo, mas todos os 365 dias do ano, assistindo programas que não têm nada a ver com a nossa cultura infantil, que até há pouco tempo se limitava a brincadeiras de roda e canções do “Carneirinho, carneirão, olha pro céu, olha pro chão…”
Amplio essa minha indagação a quem de direito: por que o Governo Federal, por meio do Ministério da Educação, não oferece alternativas para enfrentar essa avassaladora invasão através da Internet, que só deseduca e transforma nossas crianças em vítimas de um processo de aculturação? E o que é triste constatar é que possuímos autores de sobra para ilustrar programas infantis realmente atraentes e educativos, a exemplo do mineiro Ziraldo e do genial cartunista paulista Maurício de Sousa, com as suas turmas da Mônica, da Magali e do Cascão.
Nesse rol de grandes defensores da brasilidade, temos o exemplo do saudoso e imortal Monteiro Lobato, que dedicou metade de sua literatura às crianças. Entre esses títulos, O Sítio do Picapau Amarelo. A propósito, Lobato declarou: “De escrever para marmanjos, já estou enjoado. Bichos sem graça. Mas para as crianças, livros é todo o mundo!”
Eis aí um oportuno recado para a Dilma e o Aécio, que esqueceram das crianças em suas promessas de campanha.