O radialista e empresário Antônio José Pereira Martins, 52, nasceu no Maranhão e chegou a Brasília com seis anos de idade. Estudou em escolas públicas como o Gisno e o Elefante Branco e foi colega de expoentes do movimento Rock Brasília. Entre eles, Renato Russo e o baixista Negrete, da Legião Urbana. Aos 17 anos, começou a trabalhar em rádio e ganhou o codinome Toninho Pop, com o qual se revelou o primeiro Disc Jóquei da cidade. Formado em Marketing, com especialização em rádio e vendas, pela terceira vez Toninho tenta um mandato legislativo. Agora, concorre a deputado distrital pelo PRTB e nesta entrevista ao Brasília Capital revela o sonho de exercer um mandato voltado para melhorar o bem-estar das pessoas e principalmente para a educação. Comandou programas que marcaram a história do rádio brasiliense, como o Hot Line, em 1982. Mas não se esquece do lado religioso. Prefere ir à igreja quando ela está vazia. É dizimista da Paróquia Santa Edwiges (904 Sul).
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Você concorda com a proposta do candidato a presidente pelo seu partido, Levy Fidélix, de implantar o sistema de trens-bala em todos os estados brasileiros?
Não tenho informações de orçamento a respeito disso, mas, se for viável, acho que ajudaria muito na mobilidade em nossas cidades
O que você defende como uma solução mais barata e rápida para a questão da mobilidade em Brasília?
Temos que resolver o básico. Até hoje, mesmo com a troca das empresas, os ônibus não atendem a população. Eles vieram menores e ainda não estão passando no horário previsto. Sou defensor das ciclovias, mas não adianta ter apenas do Sudoeste para a Esplanada dos Ministérios. Tem que ter da Ceilândia, Taguatinga e Sobradinho para o Plano Piloto. Hoje só existem ciclovias internas nas regiões administrativas.
Qual sua opinião de aumentar a oferta de transporte sobre trilhos?
Acho positivo. Brasília tem essa infinidade de terras que permite o alargamento de pistas, como foi feito na EPTG e agora começa a serfeito no lado Norte da cidade. Acho, no entanto, que a população tem que ser ouvida. A ideia do BRT Sul, para facilitar o transporte de Santa Maria e do Gama para o Plano Piloto, foi boa. Mas tiraram 27 linhas que atendiam esses lugares e colocaram só uma via. E as pessoas têm que ir para uma espécie de rodoviária, onde pegam o DF Sul e demoram quase 40 minutos para chegar lá. Ou seja, deu no mesmo. Tem que ouvir as pessoas. Acho que falta comunicação.
Esta é a terceira vez que você disputa uma eleição para deputado. Seu objetivo é fazer esta comunicação entre a população e o GDF?
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Minha voz é a sua voz é o meu slogan de campanha, porque, por meio do que eu faço no rádio e na televisão, eu sei quais são os problemas das regiões administrativas. Conheço o DF de ponta a ponta. Pelo telejornal que eu apresentava passei a ter contato com o cotidiano das pessoas. De certa forma, com esse pequeno poder, as pessoas acabam me credenciando a falar com elas. Com isso, a partir do momento que levo uma autoridade e faço uma denúncia, para resolver aquele pequeno problema da comunidade, as pessoas me credenciam a falar em nome deles. Acredito que, se eu ampliar esse poder, poderei ajudar muito mais.
Acredita que conseguirá capitalizar esses pequenos atendimentos em votos suficientes para se eleger distrital?
Isso é uma incógnita ainda. Nunca tive tão alinhado com a comunidade como estou agora. Hoje em dia sou o Toninho Pop mais maduro e equilibrado, querendo fazer a transição do radialista para o político.
Essa transição está sendo fácil?
Não. Está sendo difícil. Eu tenho o carinho das pessoas, mas não sei se isso se transformará em voto.
Você quer se transformar em político, talvez a profissão mais rejeitada e criticada pela população brasileira. Não seria mais fácil pedir voto como radialista e comunicador?
Minha mãe sempre me pergunta o que eu vou fazer na política. Ela diz que sou querido pelas pessoas, e quando virar político, ninguém mais vai gostar de mim. E eu respondo que vou continuar trabalhando da mesma maneira que eu trabalho no rádio, na televisão e nas outras empresas que eu tenho. Saio de casa todos os dias às 6h . Às 9h, quando termina o programa, participo de uma reunião com toda a equipe e às 10h já estou com a pastinha na mão para vender is espaços comerciais da minha empresa. Às 15h chego à Band para fazer o jornal das 18h e saio para outra reunião com minha equipe. Vou trabalhando muito, mas em outro ambiente. Não quero deixar o rádio, pois lá posso prestar conta do que estou fazendo.
A Câmara Legislativa tem o condão de sepultar reputações. Isso não lhe assusta?
Eu não temo, porque, além de eu ser uma pessoa extremamente trabalhadora, conto com uma equipe de bons parceiros profissionais em todas as áreas.
Qual a sua expectativa em termos de renovação da Câmara Legislativa?
Se for fazer uma avaliação, grande parte dos deputados que estão lá, vão para o quarto mandato. Ou seja, o que eles vão fazer em quatro anos que não conseguiram fazer em 16 ou em 12 anos? Se pegarmos esses deputados quatro ou cinco mandatos, eles não têm um projeto de destaque para a comunidade. Precisamos entender o verdadeiro papel de um deputado distrital é fiscalizar as ações do governo e fazer leis que beneficiem a população. Eu quero alocar recursos, por meio de emendas parlamentares, principalmente, para a educação. Na educação, você envolve uma série de coisas, que têm a ver com família e prevenção e combate às drogas. Trabalharei para fortalecer uma Secretaria que enfrente a questão das drogas, pois esse é um problema que envolve todas as famílias. Ninguém está imune. Isso passa pela escola em tempo integral, desde que, no contraturno, o aluno não fique só jogando pingue-pongue e nem tenha aquela falsa capacitação, para o cara ser bombeiro hidráulico, marceneiro… Nada contra essas profissões. Porém o jovem de hoje quer muito mais, quer se destacar na informática, nos esportes, na música e nas artes. Eu acho que tem que ter motivação para o jovem sair com uma especialização que realmente o deixe preparado para o mundo real, pois ele é muito difícil.
Sua coligação trocou o candidato a governador. Saiu o Arruda e entrou o Jofran Frejat. Qual a sua percepção para esta mudança?
Eu acho que a gente tem que fazer uma política de proposições e não de
atacar as pessoas. O (Frejat) tem uma grande experiência, tanto na área da saúde, quanto na área da administração. É um cara que todo mundo gosta, sem rejeições. Então, acho que é um candidato que podemos caminhar juntos.
Qual a sua relação com a deputada Liliane Roriz, que é a puxadora de votos da sua coligação?
Acredito que ela será a deputada mais votada, porque foi a única que se contrapôs ao governo Agnelo. Espero que o partido eleja três distritais, como preconiza o nosso presidente, Luiz Estevão. As pesquisas me indicam na segunda posição da chapa. Estamos confiantes.
Você se manterá fiel à bancada do Luiz Estevão?
Eu vou fazer parte da bancada que vai defender os interesses da população. Tanto eu quanto a Liliane somos muito independentes. Eu quero ser o representante do setor produtivo.
Então, você não tem compromisso nenhum com o Luiz Estevão?
Não tenho. Estou no PRTB por uma questão de legenda. Já participei duas vezes de campanha política e fiquei entre os 24 mais votados, mas não fui eleito. Então, qual é a legenda mais simpática para mim? É a que eu possa estar em primeiro, segundo ou terceiro lugar.
Onde fica a ideologia?
Com 32 partidos, como você vai ter um debate democrático e ideológico? Não tem como. Ainda existem aqueles partidos mais radicais, como PSTU e PCO. Mas, os demais… Hoje, o PT prega uma política assistencialista, que foi a política da direita no passado.
Você percebe nas ruas a rejeição ao Agnelo que as pesquisas apontam?
Eu vi o que aconteceu em Brasília há quatro anos. Vi a revolta da população. Mas tanto o Agnelo quanto o Arruda têm uma determinada rejeição. Não vejo isso em outros candidatos. Porém, também não os vejo sendo abraçados pelo povo. Acho que Brasília vive um momento difícil, onde as pessoas não acreditam mais na política e acho que grande parte desse problema não é o político, e sim, o eleitor. Porque ele reclama de tudo e, na hora de mudar o voto, ele não muda. Tem pessoas que acham que o voto delas vale um carro. Pessoas que me encontram na rua falam que querem votar em mim, que tem quatro votos na família, mas eu preciso lhes dar um lote. Respondo que não tem como eu fazer isso. Outras querem que eu pague caminhões para fazer a mudança delas, que pague o enterro do parente por R$ 400. Mesmo que eu tivesse a maior quantidade de dinheiro do mundo, não faria isso.
Isso passa por uma reforma política?
Acho que o financiamento público de campanha seria maravilhoso.
Você é a favor do voto obrigatório?
Sou a favor do voto obrigatório porque não temos cultura para ir espontaneamente as urnas. Da mesma forma que sou contra o sistema de cotas raciais. Acho que todos têm a mesma capacidade.
Agnelo e Frejat são médicos. Qual dos dois você acha mais competente como gestor da saúde?
O Frejat, sem dúvida. Apesar de eu ter um grande respeito pelo Agnelo, até como pessoa, acho que ele foi mal assessorado, não só na questão da saúde, como em várias outras áreas. Falta gestão na Saúde. Contrataram muitos profissionais, inauguraram UPA’s, fizeram postos de saúde, se esforçam para que tenha remédios nas farmácias de alto custo, mas você chega lá e não consegue ser atendido na emergência. Tem quatro médicos de plantão e, na verdade, apenas um está trabalhando. Outro dia estive em um médico, em um hospital particular, e ele atendia num hospital público também. Ele me contava de um hospital que tem apenas duas máquinas de raios-X , mas só uma funcionava Toda vez que arrumava, no dia seguinte, uma delas estava quebrada. Porque são dois atendentes e eles sempre dão um jeito de quebrar uma para ficarem revezando. Então, tem a questão do mau funcionário. Aquele cara que ingressa no concurso público e toda semana entra com atestado médico. Tinha que ter algum tipo de proteção para que o sistema funcionasse. A não estabilidade ajudaria nesse processo.
Como deputado distrital você combateria o lobby da área de Segurança Pública, que consegue garantir uma jornada de trabalho privilegiada para policiais civis e militares?
Converso com muitos PM’s na rua e a reclamação deles é que, quem está na rua, fala que tem muitos aquartelados. São 6 mil lá dentro, enquanto uma minoria trabalha sob sol e chuva. Por outro lado, acho que para resolver a segurança no DF, qualquer que seja a mexida, tem aliar a tecnologia ao homem. Hoje, a maioria dos estabelecimentos tem sistema de câmeras, que servem para filmar o bandido que roubou a loja e mandar para a polícia para tentar identificar. Isso não adianta. Tem que ter um comando em cada região administrativa, onde você possa linkar todas as lojas com o sistema de câmeras, principalmente, os postos de gasolina, que, quando se perceber a chegada de dois de bicicleta, já acione uma patrulha. Não adianta deixar as duplas Cosme e Damião, com aquela barrigona, sem ter um revólver e uma motocicleta, no mínimo uma bicicleta. Tem que ser os melhores da corporação lá nas ruas. A partir do momento que você tem a tecnologia, aliada ao homem, com esse planejamento de prevenção, você resolve o problema da segurança. Brasília tem 16 mil homens na polícia, mais de 4 mil veículos, dois helicópteros, lancha… Ou seja, tem mecanismos. Só precisa de uma gestão melhor.
Você é a favor da redução da maioridade penal?
Sou totalmente favorável a redução da maioridade penal. Um menino de 17 anos que mata um pai de família ou assassina uma mulher e estupra, tem que cumprir os 30 anos dele, que, nada verdade, não são 30, pois ele pega apenas 7 anos.
Então você se sente, de fato, preparado para representar a população de Brasília na Câmara Legislativa?
A vida é muito simples. A gente é que complica. Esse mandato só vira se Deus quiser. Tudo na vida vem no tempo de Deus. Até acho – e sempre falo isso – que das outras vezes que fui candidato e não fui eleito, mesmo estando entre os 24 mais votados – porque Deus estava me guardando para um momento mais oportuno para mim. Então, se for para o bem de Brasília e para o meu próprio bem, que esse mandato venha e que eu possa fazer dele uma divisão desse poder com as pessoas que estão me apoiando.