Demolição da pista da Praça do DI deixa skatistas desabrigados
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Gustavo Goes
Skatistas de luto. A praça do DI perdeu um dos seus principais atrativos na quarta-feira (7), quando a Administração Regional de Taguatinga, sem qualquer aviso prévio, demoliu o Skate Park, que existia a quase 30 anos no local e que havia sido reformado há dois anos. A pedido de moradores e comerciantes, que comemoram a destruição, a Administração promete revitalizar a praça e construir novas instalações ainda não definidas. Sem data prevista, a expectativa é que outra pista seja construída no Taguaparque.
A notícia pegou todos de surpresa. Vários skatistas que frequentavam o local e chamavam a praça de sua “segunda casa” não acreditaram no que viram. “É um absurdo o que está acontecendo. Ando a 12 anos nesse lugar e nunca imaginei que isso poderia acontecer. Aqui em Taguatinga não existe outra pista melhor”, disse Rafael Toledo. Contrariados pela falta de informação, os usuários da pista protestaram em frente a sede da Administração, na Praça do Relógio.
A mudança de ambiente da praça, ou “revitalização”, termo usado pela Assessoria de Comunicação da região, tem como objetivo diminuir a falta de segurança do local. “Atendemos um pedido da própria comunidade e comerciantes, que alegaram que o local estava servindo como ponto de drogas. Além do barulho e gritaria que incomodava a vizinhança”, respondeu por e-mail. Porém, a poucos metros do lugar de lazer onde jovens praticavam o esporte radical, se encontra um posto policial, construído há quatro anos. “De nada adianta, eles ficam lá dentro, enquanto tudo acontece aqui fora”, disse o praticante do esporte radical, Erick Queiroz.
Comércio
Os comerciantes que vendem produtos relacionados à modalidade esportiva também lamentam a destruição. A pouca movimentação de skatistas no local vai causar uma grande queda nas vendas. “Vai diminuir muito o movimento na praça, vai causar um prejuízo não só para as lojas que vendem produtos voltados ao Skate, mas também para as outras lojas de uma forma geral”, comentou a vendedora Monalisa Abreu, que trabalha na loja Neuroze Skate.
Além da loja, que funciona há quatro anos, outro estabelecimento que vai perder com a expulsão dos skatistas do local é a loja Carter, que funciona há apenas três meses. “Decidimos abrir a loja nesse lugar por ser um ponto de encontro de skatistas, não só de Taguatinga, mas de todo o Distrito Federal. Com o ocorrido, nossa estratégia foi por água abaixo. Estou em estado de choque. Não sei como vou fazer agora”, disse o dono da loja, Izaias Magalhães.
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Em contrapartida, outros estabelecimentos acharam melhor a retirada do local. “Se for mesmo construído um estacionamento no lugar da pista seria muito bom”, disse um lojista que preferiu não se identificar. Entre os que defendem o desmoronamento, todos defendem que o local carece de vagas para consumidores e que, frequentemente, perdem vendas por isso.
Negociação
A Administração de Taguatinga mantém diálogo com alguns skatistas que freqüentavam o local. A reunião aconteceu após o Skate Park ser demolido na quarta-feira (6) e voltou a acontecer na quinta-feira (7). Outra reunião está marcada para a próxima quarta-feira (13) com os diversos segmentos sociais existentes na praça do DI, para rediscutir a ocupação daquele espaço.
A reportagem do jornal Brasília Capital havia flagrado o abandono da praça em sua 163ª Edição, no dia 28 de junho, e lá mostrou a grande quantidade de moradores da rua que tomavam conta do lugar. A única forma de lazer, que estava em plenas condições de ser utilizada, era a pista. Agora, com a expulsão dos skatistas do local, resta saber se esse vazio deixado no lugar vai ser aproveitado pela Administração ou vai ser aproveitado pelos moradores de rua, que continuam promovendo churrascos no local.