Andam dizendo por aí que a Copa do Mundo acabou. Não acredito. Como pode ter chegado ao fim uma coisa que sequer começou? Não deu nem tempo de nos acostumarmos com tanto progresso nos serviços públicos. Num passe de mágica, Brasília amanheceu ocupada por viaturas da PM, soldados em duplas Cosme e Damião, ou a cavalo, e as pessoas circulando a pé, com tranquilidade, a qualquer hora do dia ou da noite. Isto não pode ter sido uma ilusão de ótica!
- Advertisement -
Os ônibus e o metrô estavam no horário certo e as patrulhas do DER controlavam o trânsito nos pontos de estrangulamento, orientando os motoristas desatentos e multando os mais afoitos. Ambulâncias do Samu e do Corpo de Bombeiros se posicionavam em locais estratégicos para atender a qualquer emergência.
Mesmo com o fluxo de dezenas de milhares de torcedores e turistas nacionais e estrangeiros, o acesso ao estádio Mané Garrincha e ao Taguaparque, onde aconteceram, respectivamente, os jogos e as comemorações do Fifa Fan Fest, foi facilitado pela grande oferta de transporte público e pelo eficiente esquema de segurança. Não podemos mais viver sem isso…
Não, não aceitaremos que a PM deixe de atuar dia e noite na prevenção de crimes. É inadmissível que o DER pare de controlar o trânsito e que o Samu e os Bombeiros retornem com suas ambulâncias para as garagens. Por que não podemos manter o direito a esses serviços e, assim, nos sentirmos cidadãos de verdade, como no Primeiro Mundo?
Após o último apito do árbitro da final, em que a Alemanha derrotou a Argentina, sofremos um choque de realidade. Mesmo com o legado dos novos aeroportos e algumas obras de mobilidade urbana nas 12 cidades-sede dos jogos, ainda falta muito para o Brasil ser considerado um país desenvolvido.
Saem de campo os craques da bola e entram em cena os malabaristas da política. Termina o espetáculo do esporte, começa o circo dos candidatos prometendo mundos e fundos à Sua Excelência o Eleitor, que, depois de depositar o voto na urna voltará à condição de explorado. Os dribles, gols e defesas espetaculares dos goleiros vão dar lugar às artimanhas, à lábia e aos argumentos de quem tiver mais competência para convencer os votantes.
Então, fica combinado. Para que a Copa não acabe nunca, vamos escalar, no dia 5 de outubro, o melhor time. Elejamos, para isso, pessoas honestas, competentes, sérias e comprometidas com o sonho de, um dia, vermos o Brasil transformado, de fato e permanentemente, num País Padrão Fifa.