Não foi apenas o transporte clandestino, feito principalmente por vans piratas, que voltou com força total à Ceilândia, conforme mostrou reportagem do Brasília Capital na edição 165, na semana passada. O centro da cidade também foi tomado pelo comércio informal.
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Instalados nas calçadas e em frente às lojas do comércio local, os camelôs vendem de tudo, desde CD’s, DVD’s piratas até roupas de cama. Com preços mais atrativos do que os cobrados pelos lojistas formais, a concorrência torna-se desleal.
“Eles não têm compromisso com nada. Não pagam água, luz, aluguel e muito menos impostos. Então o preço deles é lá embaixo”, reclama Paulo Souza, dono de uma loja de roupas. Segundo ele, com a volta dos camelôs, usa vendas têm sofrido constantes quedas.
É difícil andar e não se esbarrar em barracas, carrinhos e lençóis estendidos no chão, onde os produtos são expostos. Tudo improvisado para facilitar na hora da fuga com a chegada do “rapa”. “A gente fica na espreita. Qualquer coisa a gente corre”, revela um vendedor ilegal.
A equipe de fiscalização da Agefis (Agência de Fiscalização), o “rapa”, como chamam os ambulantes, faz operação todos os dias, mas não intimida a ação dos camelôs. “Fazemos operações diariamente. Estamos trabalhando para evitar o comércio ilegal”, explicou à reportagem, na terça-feira (15), um auditor fiscal da Agefis, pedindo para não se identificar.
Efeito Copa
De acordo com a Agefis, a frequência dos camelôs no centro de Ceilândia aumentou nas últimas semanas por conta da Copa do Mundo. “Como tivemos que atender as demandas no Fifa Fan Fest, no Taguaparque, e diminuímos muito as operações aqui na Ceilândia. Isso abriu brecha para essa atividade ilegal”, justifica.
Enquanto a equipe do Brasília Capital esteve no local, ocorreu uma ação da Agefis. A sensação era de que os fiscais “enxugavam gelo”. Na presença dos agentes e das guarnições da Polícia Militar, os camelôs disfarçavam, aguardando o melhor momento para garantir um ponto de venda. Quando a fiscalização deixou o local um grupo deu o sinal e os ambulantes voltaram a montar as barracas para expor e vender seus produtos.
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Luis Felipe vende CD’s e DVD’s piratas há mais de três anos. Para ele, a atuação da Agefis não impede que os ambulantes se instalem no local. “Essa fiscalização mal funciona durante a semana. Sábado e domingo a gente vende adoidado”, conta o camelô.
Criado para retirar os camelôs das ruas, o Shopping Popular de Ceilândia hoje é um dos principais pontos de venda da cidade. A costureira Enedilce Luzia de Oliveira montou um atelier há sete anos e trocou a informalidade das ruas pela segurança do Shopping Popular.
“A melhor coisa que aconteceu foi a criação dessa feira. Eu também era camelô e meu negócio não andava. Hoje tenho minha loja e estou colocando minhas contas em ordem”, comemora.
De acordo com a consultora Antônia Otávio, a instalação de um posto do Na Hora no shopping ajudou a aumentar a movimentação de clientes. “Antes era bem parado. Depois que o Na Hora veio para a feira, a população passou a frequentar mais”.